Acre: nova economia – artigo Alexandre Nunes Nobre

O Acre vive um Estado de transformação e experimentação nada novo. Quero afirmar, sem querer ser presunçoso, que o fazer precisa estar constantemente em movimento. Tanto que, comparando com o ontem, o novo já nos parece velho. Não aceitar, portanto, as mudanças que estamos vivendo no Estado de ponta a ponta pode se transformar no maior dos equívocos.

Podemos falar de política?

Para algumas pessoas mais atentas, o Acre, ou melhor, o governo do Acre, andou na contramão nos últimos vinte anos. E, a seu modo, promove a nossa “desglobalização”. Senão, vejamos:

Que rumo teríamos tomado não fossem as lutas de Chico Mendes, Wilson Pinheiro, Raimundo Mendes, Abrahim Farhat (o Lhé), Dom Moacir Grechi, Elson Martins, Marina Silva, Jorge Viana, Binho Marques, Tião Viana, Toinho Alves, seu Chico, seu João, dona Maria? São tantos, somos tantos. O povo do Acre fez escolhas e acertou. Não quer dizer que não cometemos erros, mas a “vida melhorou.”

As questões são: como trabalhar e pensar esse novo? E a globalização? Onde o Acre se insere? Qual é o seu espaço? Quanto vale o novo?

Já pensou sobre o que nos ameaça?

Claro, também somos a geração do consumo, mas como garantir isso – o consumo – sem capacidade de endividamento? Como inspirar, permitir ou garantir, primeiro a capacidade de sonhar, depois a de ter de um indivíduo?

Na última semana, depois de cinco anos entre o início das obras e a sua inauguração em 2015, o Complexo de Piscicultura da Peixes da Amazônia fez sua primeira exportação. Mandou 10 toneladas do pescado do Acre para o Peru. Ou seja, o negócio do peixe ganha um mercado exigente e em expansão internacional, com forte cultura do consumo.

As negociações seguem avançadas no mercado nacional, também europeu e asiático, com a carne suína da Dom Porquito, processada em Brasileia, que já prospecta parcerias e resultados que beneficiam o pequeno, o médio e o grande investidores.

Assim como a Acreaves tem se fortalecido no mercado interno, de tal modo que as gôndolas dos mercados já exibem seus produtos.

A Granja Carijó, com galpões de produção em Cruzeiro do Sul e Senador Guiomard, em uma das suas unidades produz mais de 90 mil ovos por dia e gera mais de 40 empregos diretos. Já atende 53% do mercado acreano e está em expansão.

A produção de banana em Manoel Urbano, distante 227 quilômetros de Rio Branco, é um exemplo de sucesso da parceria entre o governo do Acre e os agricultores. Que hoje, além do mercado interno, atende Rondônia, Amazonas e Mato Grosso. Sem falar do coco de Cruzeiro, do açaí de Feijó, do feijão de Thaumaturgo…

Em todo o Estado, mais de 22 mil famílias já foram beneficiadas com pequenos negócios nos últimos cinco anos. Os investimentos alcançam o pequeno e mudam definitivamente a classe média acreana.

Longe de bancar o “economista” ou “dono da verdade”, ou mesmo fazer análise de economia global, apontar fracassos e apresentar alternativas, posso reconhecer, porque vivo e vejo no Acre, que aqui operamos uma mudança em direção a um sistema descentralizado, pluralista de governança econômica. Um modelo que valoriza o público, o privado e o comunitário. Refiro-me às cadeias produtivas sustentáveis, que seguem uma estratégia de desenvolvimento aliada e sensível a seus valores, unindo um misto de limites, identidade e oportunidade.

Permita-se não ignorá-las, porque essas mudanças estão acontecendo e são o resultado da responsabilidade, criatividade e compromisso de um projeto político que soube nos últimos 20 anos dar resposta positiva, com trabalho e criatividade, a quem confiou nele.

Uma coisa é certa: os governos da Frente Popular do Acre souberam, como bem disse o sábio político Tancredo Neves, que “na política não podemos praticar temeridades, mas temos o dever de correr os riscos”.

* Alexandre Nunes Nobre, é comunicador e administrador, pós-graduado em Comunicação Digital pela FASB e MBA pela Gama Filho