Economia

Acre debate financiamento sustentável junto a mercados de carbono da aviação

Os membros do grupo de trabalho Offsets de Carbono Florestal do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e Organizações Governamentais, da Sociedade Civil, Membros da Academia, do Setor Privado e  Lideranças Comunitárias Extrativistas e Indígenas, protagonizaram o segundo encontro do coletivo na última quinta-feira, 25, em Rio Branco.

Durante a reunião, os participantes analisaram as possibilidades de mercado para financiamento de políticas de conservação de florestas no Brasil, por meio da Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci).

O Esquema de Compensação e Redução de Carbono para a Aviação Internacional (Corsia) tem o intuito de complementar os esforços do setor, limitando qualquer aumento anual das emissões totais de CO² acima dos níveis de 2020.

Apresentado pela diretora-presidente do Instituto de Mudanças Climáticas (IMC), Magaly Medeiros, o Sistema de Incentivo aos Serviços Ambientais (Sisa) agrega experiências positivas, obtidas por meio da política de baixa emissão de carbono e desenvolvimento sustentável, que o governo do Estado executa.

Por ter sido o primeiro no mundo a desenvolver o programa global REM (Redd Early Movers – pioneiros na conservação) e obter resultados concretos, o Acre tem papel importante no debate de uma economia descarbonizada, que tem como base a valorização do ativo ambiental, crescimento socioeconômico e melhoria da qualidade de vida.

“Acreditamos que as florestas tropicais tem grande relevância na mitigação dos efeitos do aquecimento global e das mudanças climáticas. Portanto, é fundamental superar eventuais dificuldades que se têm na inovação das políticas públicas, que garantam o financiamento robusto e continuo de uma economia de baixo carbono na região, através da valorização desses ativos. O Acre se beneficia, bem como toda a Amazônia, uma vez que essa é uma região estratégica para o desenvolvimento sustentável no Brasil, representando 60% do território”, salientou o diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento de Serviços Ambientais do Acre, Dande Tavares, co-organizador do evento.

Segundo o presidente da Comissão Mista de Mudanças Climáticas, senador Jorge Viana, o Brasil precisa aprofundar mecanismos de valorização econômica da floresta. “A floresta precisa ser vista como um ativo econômico, que pode e deve ser manejada, e não pode ser destruída. O Acre tem se destacado nesse segmento, inclusive recebendo compensação de crédito de carbono, por conservar e reduzir o desmatamento, mas nós queremos que o Brasil mude sua posição, especialmente por conta das emissões significativas no mundo, por conta da aviação internacional”, frisou.

Complexo de Piscicultura foi apresentado aos visitantes (Foto: Diego Gurgel/Secom)

Resultados

Na sexta-feira, 27, os membros do grupo de trabalho Offsets Florestais do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas visitaram os empreendimentos de baixa emissão de carbono e alta inclusão social, Peixes da Amazônia e Cooperacre, fomentados pelo Estado por meio da política de Redd+.

Para o pesquisador sênior do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), a política de Redd+ é fundamental para a consolidação de negócios sustentáveis. “Seguramente, incorporar o valor que serviços ambientais trazem para gestão, é um passo fundamental para consolidar e levar esses negócios para outros estados. O valor que o Acre tem, em termo de conhecimento acumulado, é enorme”, destacou.

A analista da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amapá, Mariane Nardi, observou que todos os estados estão caminhando, dentro da Amazônia, para um processo mais sustentável. “Quando a gente vê essas experiências na prática e constata o envolvimento da população e ganhos reais da floresta, é algo extremamente satisfatório e nos motiva a trabalhar ainda mais nos nossos estados”, disse.