ProAcre é o Estado presente nas comunidades mais distantes

Maior e mais abrangente programa do Governo Binho Marques já  mostra seus primeiros resultados entre os comunitários do Alto Juruá

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O Programa de Inclusão Social e Desenvolvimento Econômico Sustentável do Estado do Acre (ProAcre) é o Estado com sua presença efetiva nas comunidades mais remotas. Na Reserva Extrativista Alto Juruá, onde a vila de Belfort foi instituída como referência para moradores do entorno, o atendimento chega às dezenas de famílias espalhadas por cinco Comunidades Polo (COP), Comunidades de Atendimento Universal (CAU) e Comunidades de Atendimento Prioritário (CAP).

Triunfo recebeu no começo de dezembro a equipe do Programa de Saúde da Família (PSF) Móvel, cuja equipe composta por médico, enfermeiro, auxiliar e pessoal de apoio está percorrendo os rios da região levando consultas e medicamentos em caráter rotativo e permanente. Ou seja, em um intervalo curto, de no máximo dois meses, a mesma comunidade volta a ter o PSF Móvel.

A experiência já  apresenta resultados importantes: "realizamos mais de 1,3 mil consultas", disse o médico Délcio Damasceno durante atendimento na comunidade do Triunfo, a duas horas e meia descendo o rio Juruá no município de Marechal Thaumaturgo. As atividades do ProAcre no Alto Juruá contam com a presença de uma equipe do Tribunal de Justiça, que montou parceria com o programa do Estado para levar documentos como a carteira de identidade e certidão de nascimento. "Preparamos cerca de 700 documentos", informou Fábio Mendes, gestor do TJ. Em 90 dias a equipe volta a Triunfo para fazer a entrega dos documentos.

O ProAcre é  um dos programas de maior alcance do governo de Binho Marques, e tem previsão de duração de seis anos, com um custo total de US$ 150 milhões. Desse montante, US$ 120 milhões foram financiados pelo Banco Mundial e os US$ 30 milhões restantes representam a contrapartida do Governo do Estado.

Com base nos estudos e recomendações do Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado, o ProAcre já está  melhorando a qualidade de vida e a sustentabilidade ecológica e econômica das comunidades dando prioridade àquelas localizadas em zonas com maior urgência de atenção quanto ao acesso a serviços básicos e ordenamento ou adequação para o desenvolvimento sustentável, especialmente dentro de Unidades de Conservação, Terras Indígenas e projetos de assentamento (tradicionais ou diferenciados) – este é o caso do Alto Juruá, um complexo fundiário composto por terras indígenas, Parque Nacional da Serra do Divisor e reservas extrativistas.

O ProAcre está atuando em várias frentes com ações envolvendo principalmente os seguintes setores: saúde, educação e produção. As atividades  do projeto estão organizadas de acordo com o tipo de ação: provisão de serviços básicos, segurança alimentar e ampliação e modernização dos serviços para o desenvolvimento socioeconômico sustentável nas ZAPs rurais, além da promoção da inclusão social e empreendedorismo nas ZAPs urbanas; e fortalecimento institucional. Para que o planejamento se efetive e as ZAPs pudessem receber a atenção necessária, o Governo dividiu as comunidades por localização, população, nível de organização e outros itens. Criaram-se então dentro do conceito de ZAP as Comunidades de Atendimento Universal (CAU),  cuja característica é a baixa densidade populacional, compostas em geral por uma a cinco famílias, as quais estão ligadas às Comunidade de Atendimento  Prioritário (CAP), estas maiores e  mais povoadas, mantendo entre seis e trinta famílias.

As CAPs por sua vez estão vinculadas às  Comunidades Polo,  ligadas  às Zonas Especiais de Desenvolvimento (ZEDs). As Comunidades de Atendimento Universal são comunidades com até 25 moradores cujas famílias estão dispersas umas das outras. Nas CAPs vivem entre 26 e 150 pessoas, com nível médio de organização e as casas são  menos isoladas umas das outras. Nas Comunidades Polo é alto o nível de organização comunitária e ali vivem acima de 150 moradores.  No total, mais de 80,3 mil pessoas serão diretamente atendidas pelo ProAcre.  

PSF Móvel responde com eficiência demandas de saúde comunitária 

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Em menos de 20 dias PSF Móvel percorreu os rios do alto Juruá. No período, mais de 1,3 mil consultas foram realizadas (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Desde o dia 29 de novembro de 2009, data em que Belfort foi instituída a primeira comunidade polo do Acre, o atendimento em saúde apresentou resultados considerados "surpreendentes" pelo secretário de Estado da Saúde, Osvaldo Leal. Em pouco mais de vinte dias, o Programa de Saúde da Família (PSF Móvel) percorreu os rios do Alto Juruá, realizando atendimento no Moa, Acuriá, Bagé e outros. Foram cerca de 1,3 mil consultas realizadas pelo médico Délcio Damasceno, formado na histórica primeira turma de Medicina da Universidade Federal do Acre. As doenças mais detectadas foram as infecto-parasitárias e as relacionadas à baixa higiene, nas crianças, e problemas de gastrite e dores relacionadas ao trabalho, nos adultos.  Para combatê-las, os profissionais indicaram normas simples de redução de verminoses, como lavar as mãos e tratar a água de beber com hipoclorito. Foram também apresentadas noções de segurança alimentar visando reduzir as gastrites.

O foco do PSF Móvel é a saúde de mulheres, crianças e idosos. De acordo com os profissionais em saúde, um dos objetivos, o de atualizar o calendário de vacinação não só de crianças como de adultos, já foi alcançado naquela região. "Mais de 90% estão atualizados", disse Damasceno, que relatou a necessidade de apenas uma remoção de paciente para Cruzeiro do Sul. 

Roçados Sustentáveis: mucuna e novas tecnologias dobram produção nas comunidades   

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Ilmar Santos do CAU Icuriá está otimista com os resultados dos roçados sustentáveis (Foto: Sérgio Vale/Secom)

A mucuna preta (mucuna Aterrina) é dos esteios dos Roçados Sustentáveis, que já se constituem na mais importante experiência para a expansão de uma economia de baixo carbono no Acre.  A mucuna é uma planta que  emite e fixa nitrogênio no sol e vem sendo usada para recuperação de solos e evitar pressão sobre a floresta nativa.  A prática gera um ativo ambiental importante, já que um hectare de mucuna  produz cerca de 120 quilos de nitrogênio.  Além disso, cientistas descobriram recentemente que a mucuna combate os efeitos dos agrotóxicos no solo -uma novidade interessante para  a agricultura em geral mas principalmente para a comunidade polo do Belfort, onde os colonos lançam mão do Icon para matar a lagarta-de-chifre nas plantações de tabaco. Os comunitários compram o Icon, inseticida usado no combate ao mosquito da malária, dos regatões que passam o ano subindo e descendo o rio Juruá e seus afluentes comercializando mercadorias das mais diversas.

A Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) está incentivando o uso da urina de vaca para combater a lagarta e outras pragas. A proposta é erradicar o uso da química a partir de um bioinseticida. Somando-se os efeitos esperados pela mucuna, a expectativa é que as pragas sejam eliminadas ao mesmo tempo em que o solo será recuperado e a produtividade cresça. "Temos a experiência de outras regiões, em que o uso da mucuna fez duplicar a produção", disse o secretário Nilton Cosson, da Seaprof. No Alto Juruá, espera-se alcançar semelhantes resultados em até cinco meses com as sementes de mucuna preta que estão sendo distribuídas pela Seaprof. "Esse conjunto de ações certamente trará impactos positivos para a região", afirmou o extensionista Arlén Alves, da Seaprof.

Em Belfort vivem 30 famílias que trabalham principalmente na produção de tabaco e feijão, mas também cultivam frutas e outros grãos. No contexto do ProAcre, Belfort é referência para as comunidades do Acuriá, Volta Grande, Tapauma, Betânia, São João, Pedra Alta, Bandeirantes, Adão e Eva, Volta do Ceará, Foz do Ceará, Caipora e Arenal -denominadas CAU e CAP. "O uso da mucuna é visto como bom negócio pelos comunitários, que realmente estão buscando alternativas ao uso do fogo", disse o presidente da Associação dos Agricultores da Reserva Extrativista do Alto Juruá, José Erisberto.

O agricultor Ilmar Nascimento Santos, da CAU Icuriá, a duas horas e meia de Belfort pelo rio Juruá, está otimista com os Roçados Sustentáveis e planeja ampliar sua produção de farinha de macaxeira e de produtos da cana-de-açucar, além da ampliação da criação de frangos e a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs). Ilmar também está plantando mucuna para melhorar a terra e evitar novos desmates.  

ProAcre reativa seringais com mercado garantido para FDL

O Governo do Acre está  retomando a produção de Folha Defumada Líquida (FDL)  no Alto Juruá, mais precisamente entre as comunidades da Foz do Bagé. Na primeira fase, o programa vinculado ao ProAcre e mantido pela Seaprof pretende atender a 46 famílias. Os kits de extração do látex e produção do FDL já estão sendo distribuídos e as estradas dos seringais estão sendo limpas. "Temos mercado para tudo o que for produzido", assegura Nilton Cosson, da Seaprof.

O FDL vem ganhando espaço. Experiências entre comunidades do Vale do Acre mostra que o sistema agrega renda  a partir de um processo bastante simples. O látex colhido da seringueira é coagulado com o uso de ácido pirolenhoso, subproduto da carbonização da madeira, que já incorpora ácidos e alcatrões. A secagem da FDL é feita em temperatura ambiente, ao ar livre, dispensando a fase de defumação. Isso livra o seringueiro da exposição excessiva à fumaça. Os estudos da Universidade de Brasília, que desenvolveu o método, demonstraram que a borracha resultante do uso dessa técnica é mais flexível e mais resistente que a sintética ou a obtida com a defumação tradicional.  "Com 300 estradas é possível fazer 17 toneladas de FDL", disse Sebastião Ferreira Lima, presidente da Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista Alto Juruá.

O primeiro lote do kit foi entregue para o seringueiro Oliveiros Vieira da Silva pelo extensionista Arlen Alves.  Cada  kit contém cilindro, bandeja, faca e tigela.   

O sonho de um educador

Aos 67 anos, Geraldo Pinto Filho é um vencedor. Sem vocação para a agricultura ou a extração do látex,   duas das poucas  atividades de sobrevivência  possíveis no Alto Juruá na década de 1940, Geraldo descobriu no magistério o caminho que o levaria a fundar a Comunidade Triunfo, a duas horas e meia de Marechal Thaumaturgo. "Meu sonho era, um dia, trabalhar na educação", lembra, mostrando a escola que deu origem ao povoado de 70 famílias às margens do rio Juruá.

Geraldo desenvolveu a habilidade do autoaprendizado e freqüentou, em Marechal Thaumaturgo, o ensino básico até a oitava série. Nesse tempo, já ajudava os primeiros filhos (11 no total) e crianças da comunidade  no aprendizado da leitura e da escrita.

A sede de aprender para ensinar era imensa mas haviam desafios que se interpunham. O mais complicado era vencer a distância entre Triunfo e Cruzeiro do Sul, onde  existia o ensino de segundo grau. Com ajuda da prefeitura  e do Estado, Geraldo conseguiu fazer o ensino médio pelo sistema intensivo, passando três meses seguidos  em Cruzeiro do Sul todos os anos até terminar o curso.  "Conclui o ensino médio com 59 anos", lembra, com misto de emoção e orgulho.

Aposentado, agora presta apoio ao avanço da ensino  em sua comunidade  e diz ter no governador Binho Marques uma referência como educador. "Não o conheço. Queria conhecê-lo pessoalmente", pediu.  Na última edição do Programa do ProAcre, veiculado todas as sextas-feiras pela Rádio Difusora, o governador respondeu que irá sim fazer uma visita ao Triunfo para conhecer a comunidade e conversar pessoalmente com o professor Geraldo.  

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Sem vocação para a produção agrícola ou extração do látex, Geraldo Filho encontrou no magistério oportunidade de trabalho que ajudou na educação dos filhos e netos (Fotos: Sérgio Vale/Secom)

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