Chácara Alvorada

Agricultor familiar partilha amor pela profissão

“Eu sou homem do mato”, afirma José Francisco do Carmo, ou apenas “Seu Detinho”, como é conhecido. Nascido nas cabeceiras do Rio Tarauacá, no município de Jordão, sempre teve a floresta como plano de fundo da sua história. Mesmo sem estudos, mas baseado na experiência com a terra, teve posse do conhecimento empírico, tornando-se uma pessoa que compreende de fato o conceito desenvolvimento sustentável.

Seu entendimento é pautado na melhor alimentação da sua família e de quem compra seus produtos, além do convívio pacífico com os animais silvestres que atrai para sua terra ao plantar diversas frutíferas.

“Tudo que eu cultivo primeiro divido com meus filhos, com os animais e somente depois eu vendo o excedente”, afirma.

Detinho desenvolveu um mecanismo para limpar e beneficiar a mandioca (Foto: Arison Jardim/Secom)

Na propriedade intitulada de Chácara Alvorada, no ramal Novo Horizonte, na capital Rio Branco, ele possui uma variedade de frutas, hortaliças e uma plantação de macaxeira, da qual tira a renda vendendo goma e farinha.

Em 2009 uma emenda parlamentar, do então senador Tião Viana lhe garantiu uma casa de farinha, a partir daí o produtor viu a oportunidade de manter uma boa rentabilidade com os derivados da raiz. Esta é a vida do produtor rural. Seu trabalho é fundamental para garantir alimento à mesa da população.

“Temos uma vida inteira na colônia”, afirma a esposa, Maria de Souza, no momento em que fazia uma tapioca com castanha, com a goma que acabara de ser produzida. Também é indiscutível sua importância para a manutenção de uma vida mais saudável.

“Eu trabalho diretamente com o consumidor, não gosto muito de mexer com atravessador”, disse Detinho. Ele entrega seus produtos diretamente nas repartições públicas de Rio Branco e também atende por encomenda.

Há 16 anos ele participa, todos os sábados, de uma feira no município de Senador Guiomard. Dentre os produtos comercializados o principal é goma de tapioca, mas tem farinha, caldo de cana, bacaba, açaí entre outros.

Maria de Souza fala sobre o prazer de cultivar e produzir alimentos para família (Foto: Arison Jardim/Secom)

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), em todo Brasil pelo menos, cinco milhões de famílias vivem da agricultura familiar e produzem a maioria dos alimentos consumidos no País, como mandioca (83%), feijão (70%) e leite (58%). O governo do Estado vai investir neste e no próximo ano mais de R$ 137 milhões na agricultura familiar.

Recentemente foram aprovados em edital 27 planos de ação onde governo do Estado irá investir R$ 38,5 milhões nas cadeias produtivas da borracha, castanha, frutíferas, pecuária leiteira e suinocultura. Serão mais de 1.700 famílias contempladas, que poderão fazer investimentos diversos para melhoramento dentro das cadeias selecionadas.

Seu Detinho faz um relato sobre o sentimento de trabalhar no campo, quais foram suas conquistas e seus agradecimentos “Primeiramente Deus, depois essa profissão, aqui eu criei meus filhos, hoje todos sobrevivem um pouco do que é produzido aqui, é família”, disse.