Culinária, artesanato, dança e troca de sementes encerram encontro indígena

Uma mostra da culinária indígena, artesanato, dança e troca de sementes marcou o encerramento do Encontro de Mulheres Indígenas, na última quinta-feira, 31, no Centro de Formação dos Povos da Floresta, na Transacreana. Mais de 100 mulheres, de 25 povos, debateram durante três dias temas para o fortalecimento de sua participação na vida produtiva, cultural, espiritual e política das aldeias e dos povos indígenas.

Participaram do evento a vice-governadora Nazareth Araújo, a primeira-dama Marlúcia Cândida, o assessor para assuntos indígenas Zezinho Yube, a secretária de Estado de Políticas para as Mulheres, Concita Maia e a presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Karla Martins.

Pratos da culinária indígena

Na mostra de culinária os pratos foram elaborados pelas mulheres das etnias Kichuw-Runa, Yine e Shibiro, no Peru, Arara Shawãdawa e Jaminawa Arara (Acre), Wajãpi (Amapá), Wayana (Pará) e Kawaiwete (Xingu).

A vivência iniciou pela manhã, com a chef Mara Alcamim, e as indígenas peruanas Luz Irene Canelas, da etnia Kichuw-Runa e Ruzmari Sebastian, etnia Yine. No Mercado Elias Mansour compraram os peixes e especiarias para o prato pacamoto (peixe na taboca, com castanha e coentro) feito na brasa.

A chef participou de todo o encontro. Mara vem desenvolvendo a pesquisa da gastronomia indígena no Acre, coordenada pela primeira-dama Marlúcia Cândida. A ação integra o Programa de Gastronomia e Hospitalidade desenvolvido pelo governo do Estado.

Cultura alimentar indígena

Cada cozinheira apresentou seu prato. Pacamoto, tacaxo (bolinho de banana comprida), tacara rutã (sopa com banana comprida verde e frango), pataraska (peixe assado na folha de sororoca) e aloponi (peixe cozido com tucupi e pimenta), piraposeke (peixe, especiarias, farinha assado na folha de sororoca).

Tacaxo, um bolinho de banana comprida (Foto: Ramon Aquim/PMRB)

“Nós fazemos essa comida e quando terminamos de comer vamos dançar. As crianças, jovens e idosos do nosso povo adoram e não deixam sobrar nada. Nós fazemos com amor e com bons pensamentos”, disse Cañamari Shawãdawa, 79 anos.
Após a apresentação dos pratos foi servido o jantar com caiçuma. Em seguida Marlúcia Cândida explicou sobre o projeto de pesquisa da cultura alimentar indígena.

“Eu, Tião e toda equipe agradecemos pela acolhida para compartilhar da mesa de vocês. Essa imersão na gastronomia indígena é para entender o que comem, de onde vem a raiz dessa cultura tão saudável. Nós não-indígenas nos alimentamos muito mal, desaprendemos. A comida original é que dar essa pele bonita e cabelo de cada povo. As crianças, jovens, mulheres são todos lindos, isso tudo faz parte daquilo que comem, das águas dos rios, do que respiram. Iremos fazer dessa pesquisa uma narrativa para dizer para o mundo que existe um povo feliz que sabe se alimentar e manter a floresta em pé. Muito obrigada por cuidarem da floresta e serem nossos irmãos”, disse.

Marlúcia Cândida explicou sobre a pesquisa da cultura alimentar indígena (Foto Ramon Aquim/PMRB)

Malu Uchoa da Comissão Pró Índio do Acre falou que o encontro foi muito produtivo. “Foram apontadas muitas demandas para apoio aos trabalhos das mulheres indígenas. Com esses encontros fortalecemos a rede para a resolução de ações e construção de políticas. Já estamos pensando no pr[óximo encontro”, comentou.

A atriz Karla Martins finalizou o evento com contação de histórias.

O encontro foi realizado pela Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AMAAIAC), a Comissão Pró Índio do Acre (CPI/Acre), em parceria com a Rede de Cooperação Amazônica e o Instituto de Mudanças Climáticas do Acre, e o apoio da Rainforest Foudation Noruega – RFN e Programa REM/KFW e o governo do Estado.

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