Esse é o tratamento! – artigo Emylson Farias

Somos o único estado da federação que lutou para ser brasileiro. Nossas reservas naturais continuam preservadas. Apesar da crise, nossos índices econômicos demonstram que estamos numa escala ascendente de crescimento. Temos valores humanos e culturais que se destacam no âmbito nacional. Nosso sentimento de pertencimento a esta terra – a acreanidade – é exemplo para muitos outros lugares. Enfim, temos motivos de sobra para sermos reconhecidos e valorizados.

No âmbito da gestão, infelizmente durante esta semana tivemos provas de que o governo federal já não olha mais para este recanto da Amazônia com o mesmo carinho de outros tempos. O corte nos recursos publicamente garantidos em diversas áreas, especialmente na área da segurança e da infraestrutura, é um sinal claro que estamos sendo relegados ao segundo plano nas prioridades governamentais.

É extremamente frustrante perceber que uma área como a segurança pública não está sendo tratada com a responsabilidade e o compromisso que merece pelo órgão central. Fazemos fronteira com dois países que, apesar de seus valores e da população amiga e hospitaleira, são produtores e exportadores de substâncias entorpecentes que impactam negativamente na segurança. É atribuição do governo federal o controle das fronteiras e o combate ao tráfico internacional de drogas. Pouco vemos sendo feito neste sentido. As parcerias com os estados para remediar a situação, ao invés de serem potencializadas estão sendo contingenciadas.

Em tempos de apresentação de reformas política, trabalhista e previdenciária, talvez seja o momento de se parar e repensar o próprio modelo de segurança pública e a sua forma de custeio. Reforçar a atuação federal com o estabelecimento de diretrizes gerais, sistemas unificados e repartição de repasses financeiros garantidos na forma constitucional, a exemplo da educação e da saúde. Os municípios, por sua vez, também deveriam ser protagonistas desse processo recebendo recursos e atuando em áreas que possuem reflexos diretos na segurança. Da parte dos estados certamente precisamos avançar especialmente na atuação integrada e sistêmica de seus órgãos.

A realidade está posta. Os recursos foram contingenciados e ainda corremos o risco de nem sermos aquinhoados com o que restou da promessa inicial. Precisamos nos organizar com o que dispomos. A destinação de recursos do Estado nos possibilitará entregar, nos próximos dias, viaturas, coletes balísticos, armamento e intervir na segurança orgânica do sistema penitenciário.

Enfrentar a criminalidade de cabeça erguida nunca foi o problema. Essa é a nossa obrigação. Continuaremos firmes na missão de buscar índices melhores em relação a todos os crimes e na busca do aumento da sensação de segurança. Queremos melhorar mas, fundamentalmente, não é esse o tratamento que merecemos por parte do governo federal. No que depender do Governo do Acre e do seu Sistema de Segurança Pública, faremos de tudo para que a cultura de paz impere nas Terras de Galvez.

Emylson Farias – Secretário de Segurança Pública