“Eu era cego, mas agora estou enxergando”, diz aluno do Quero Ler

Francisco Brasilino diz que é ruim depender dos outros (Foto: Eduardo Gomes)

A frase já foi dita por outros milhares de alunos do Programa Quero Ler e também repetida por Francisco Brasilino da Cruz, que participa das aulas de alfabetização ofertadas pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Educação e Esporte (SEE), no município de Acrelândia.

Aos 42 anos, ele nunca teve a oportunidade de freqüentar um banco da escola. Natural de Tarauacá, passou sua infância e juventude nos seringais da região e nas colônias, ajudando o pai no sustento da casa. Há quase 20 anos morando em Acrelândia, sua rotina de trabalho não mudou muito.

Atualmente, ele é vigia do núcleo da SEE no município e, incentivado pelo coordenador, professor Weiga de Menezes, agora freqüenta as aulas em uma das turmas do Programa que funcionam na Escola Marcílio Pontes dos Santos.

Ele já sabe assinar o nome, o que o deixa muito feliz. “É muito ruim quando a gente chega em um lugar e tem que ficar pedindo aos outros para ler as coisas”, faz questão de dizer. Animado com os estudos, diz que vai dar continuidade e, no ano que vem, pretende se matricular no Programa Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Nessa sua empreitada no mundo das letras, não está sozinho. Conta com a ajuda dos dois filhos, que fazem o ensino regular, nas tarefas da escola. “Meus filhos me ajudam muito e por isso não quero parar por aqui, quero ir mais adiante”, afirma.

No município de Acrelândia, o Programa Quero Ler funciona atualmente com 14 turmas, sendo 8 rurais e 6 urbanas, atendendo um total de 160 alunos, entre eles o próprio Francisco Brasilino. Tudo ainda dentro da primeira etapa que está em andamento. “A segunda etapa vamos iniciar no ano que vem”, informa o professor Weiga.

Em todo o Estado, já são quase 50 mil estudantes no Programa Quero Ler e, até o ano que vem, a meta do governador Tião Viana é alfabetizar 60 mil jovens e adultos, tirando o Acre do mapa do analfabetismo. O governo já solicitou a vinda de um técnico da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), para constatar a nova realidade.

 

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