Frutos da educação

Ex-estudantes do ensino integral de Pernambuco relatam experiência escolar

O modelo de educação em tempo integral propõe o desenvolvimento do currículo que vá além do desempenho escolar e envolva dimensões afetivas e emocionais, dialogando com o meio sociocultural e familiar em que o estudante está inserido.

No Acre, as aulas recentemente iniciadas sob novo conceito, tiveram a mediação de ex-estudantes de estados que avançaram no quesito ensino desde a implantação das aulas integrais, a exemplo de Pernambuco, o pioneiro, que atualmente possui mais de 300 escolas integrais num universo de cerca de mil colégios estaduais.

Acolhimento dos estudantes foi realizado por jovens protagonistas que vieram do ensino integral (Foto: Angela Peres/Secom)

Intitulados de protagonistas, os jovens vieram ao Acre realizar o acolhimento dos alunos e tiveram contato diário por uma semana para propagar suas experiências, para que a partir dessa vivência elas se multipliquem.

No Instituto Lourenço Filho, por exemplo, um total de 12 protagonistas, que no momento ou cursam ou já concluíram o nível superior, foram enviados pelo Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE), responsável pela prestação de consultoria às escolas que adotam esse modelo no Brasil.

O aprendizado que também se pode ensinar

“O retorno que tivemos aqui foi algo muito recompensador e impressionante”, disse Gilberto Romeiro (Foto: Angela Peres/Secom)

“A estratégia do acolhimento não tem como falhar, por se tratar de jovem falando diretamente para jovem, sobre sonhos, sobre possibilidades, sobre quão transformadora pode ser a experiência de traçar as próprias metas e de ser o principal autor da própria história. E o retorno que tivemos aqui foi algo muito recompensador e impressionante”, pontuou o jovem pernambucano Gilberto Romeiro, 23 anos, acadêmico de Ciências Sociais.

Também protagonistas pelo ICE de Pernambuco, Akyla Tavares e Catharina Florêncio, de 18 e 20 anos, respectivamente, atribuem conquistas pessoais como a escolha do curso superior à boa formação adquirida no ensino integral. Akyla também é acadêmico de Ciências Sociais e Catharina optou por Engenharia de Minas.

Catharina escolheu o curso Engenharia de Minas (Foto: Angela Peres/Secom)

“Graças à equipe escolar que tive eu cheguei à decisão por qual área atuar. O modelo de gestão do ensino integral é determinante pra ajudar os jovens nesse processo da autodescoberta e, principalmente, de ter segurança sobre as próprias decisões que nortearão seu futuro”, declara Catharina.

Para Akyla, o maior ganho que os jovens podem ter com esse padrão de ensino é o olhar humanista que cada um deve ter acerca de si mesmo.

“Isso vai além de apenas ter conhecimento ou de ter uma profissão. A gente aprende a analisar em qual área se dá melhor, o que realmente fascina, pra que em cima disso se possa construir um projeto de vida. Então, com base nessas questões que envolvem o lado humanista e o do conhecimento é que se trabalha o conceito de educação, ou seja, a junção de tudo isso”, observou.

Akyla destacou a importância do olhar humanista proposto pelo modelo de ensino (Foto: Angela Peres/Secom)

Escola Jovem no Acre

Sete escolas públicas do estado tiveram a implantação do ensino integral. No programa Escola Jovem, o governo está investindo R$ 28 milhões. Desses, R$ 7 milhões são provenientes de verba federal, os outros R$ 21 milhões são recursos próprios do Estado.

Nesta primeira etapa em que apenas o ensino médio terá a metodologia, o objetivo é beneficiar cerca de 4.000 alunos. Já a meta para 2018 é que o modelo se estenda para o ensino fundamental e também para a zona rural.

O programa tem como base de metodologia quatro princípios educativos. Um deles é protagonismo juvenil, que coloca o aluno como agente principal de todo o processo. Também a pedagogia da presença, que trabalha a formação mais ampla do aluno, desde as emoções até as competências.

É importante, ainda, observar os pilares da educação, o que se resume em estimular o aluno a conhecer, aprender a fazer, a conviver e a ser, e, por fim, a educação interdimensional, que torna o professor um orientador para ajudar o aluno a desenvolver suas habilidades, estabelecendo a relação sinérgica entre escola, família e sociedade.

O alvo é fazer com que os estudantes tenham a capacidade de se visualizar em um projeto de vida estabelecido por eles mesmos e que a escola seja apenas corresponsável pela evolução desse processo.