Feira do Peixe mexe com a economia de Bujari

Dias antes de terminar, negócios superam a meta: mais de 60 toneladas de pescado já foram comercializados

feira_peixe_bujari_900.jpgA segunda edição da Feira do Peixe do Bujari é sucesso total. Na quarta-feira, dois dias antes do encerramento, já se tinha alcançado a meta de comercializar 60 toneladas desde o último dia 16.  De acordo com o Ministério da Pesca, a cadeia produtiva do pescado mantém 300 famílias no Bujari. "Para mim, a feira foi muito boa", disse Francisco Martins Ferreira, o Lico, que mantém três açudes em sua propriedade no KM 52 no ramal Espinhara. Lico levou à feira 1,5 tonelada de várias espécies mas principalmente tambaqui e vende tudo em menos de um dia. O faturamento chegou a R$3,8 mil. 

A principal vantagem que os pescados têm sobre outras carnes, principalmente a bovina e suína, é o tipo e a quantidade de gordura.  A gordura saturada e o colesterol estão presentes em grande quantidade nesses dois tipos de carnes.

Atualmente em Bujari existem cerca de 300 açudes, segundo a Cooperativa de Pesca (Coopesca).  O número tende a crescer ainda mais, consolidando a aqüicultura como importante alternativa econômica para a região. Produtores de hortaliças também estão fazendo bons negócios na feira e prestadores de serviço, como as limpadoras de peixe, faturam com o evento.

Resultado de uma emenda parlamentar do senador Siba Machado, o frigorífico de peixe do Bujari será inaugurado em breve. As obras obras físicas estão custando cerca de R$400 mil mas o valor da emenda para o projeto é de R$1,2 milhão, segundo a Secretaria de Articulação Institucional do Governo do Acre. O frigorífico consolida a cadeia econômica e produtiva da piscultura no Bujari. A feira, montada em uma tenda na rua Expedito Pereira de Souza, reúne 110 expositores, sendo 55 psicultores e 60 horticultores dos vários ramais daquele município.

O frigorífico terá condições de beneficiar quatro toneladas de pescado ao dia. Além dos benefícios alimentares, o peixe de açude gera uma cadeia econômica importante e baseada na produção familiar. A  2ª Feira do Peixe pretende comercializar, em dois dias, 60 toneladas de espécies como tambaqui, piau e tilápia. O quilo está sendo vendido a R$5. O consumo ainda é pequeno no Acre, apenas 2,1 quilos per capita ao ano, só ganhando, na região Norte, do Tocantins: a população daquele Estado come  1,2 quilo per capita de pescado ao ano. No Amazonas, no entanto, está  na base alimentar. Ali,  o consumo chega a 45 quilos/ano/por habitante, conforme dados da Pesquisa de Orçamento Familiar  de 2006  do IBGE. Em todo o Estado, segundo a representação do Ministério da Pesca, calcula-se em R$10 milhões o valor de produção da aqüicultura e da pesca extrativa, atividade mais praticada no Vale do Juruá. Três mil famílias sobrevivem total ou parcialmente da pesca no Acre. Na criação de açude as espécies que mais se adaptaram na região são o tambaqui e piauaçú. "Há um trabalho forte para tornar a psicultura o carro-chefe da economia do Bujari", disse Sami Moura, do Ministério da Pesca. Para 2008 é esperada uma produção de 500 toneladas de peixe naquele município.

A feira deve fechar o balanço com movimento de mais de R$300 mil apenas no comércio de pescado. O negócio está evoluindo ao ponto de criadores de gado transferir parte de seus investimentos para a psicultura.

   

Edmilson Ferreira
Agência de Notícias do Acre