Governo monitora áreas do Alto Acre com risco de contaminação por monilíase

Propriedades da região do Alto Acre que estão na lista de alto risco para contaminação da monilíase – ou monília do cacaueiro, doença que afeta os frutos do cacau, cupuaçu e cacauí – foram vistoriadas semana passada por técnicos que compõem a equipe de Defesa Vegetal do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf/AC).

Foram vistoriadas áreas de cinco municípios (Foto: Cedida)

Durante uma semana, os técnicos da Defesa Vegetal percorreram propriedades de Capixaba, Xapuri, Brasileia, Epitaciolândia e Assis Brasil. Ações de educação sanitária também foram realizadas nas feiras de hortifrúti desses municípios.

A atividade, que contou com a parceria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por meio da Superintendência Federal da Agricultura no Acre (SFA), foi realizada no Alto Acre porque a região faz fronteira com a Bolívia, país que já registra casos de contaminação por monilíase.

“Para nossa surpresa, em Capixaba identificamos um plantio abandonado de cacau com cinco hectares. A surpresa se deu porque o proprietário não realizou o cadastro desse plantio no Idaf. Em Epitaciolândia, visitamos o Ramal Fontenele de Castro, que tem 17 quilômetros de extensão. O local faz fronteira com a Bolívia. Lá encontramos uma propriedade com dois mil pés de cupuaçu. Há também cacau e cacauí, os três frutos que podem ser afetados pela monilíase”, conta a gerente de Defesa Vegetal, Joelma Pais.

De acordo com ela, a única coisa que separa a área do Ramal Fontenele de Castro, que tem plantio das três espécies que a praga atinge, é um igarapé chamado Jiboia. “Temos que monitorar essas áreas, que classificamos como de alto risco, no mínimo duas vezes por ano, para evitar que a doença, que já foi registrada na Bolívia, chegue aos plantios do Brasil”, adverte.

Equipe promoveu ações de educação sanitária em feiras (Foto: Cedida)

Educação Sanitária em feiras

A equipe de Defesa Vegetal também fez ação de educação sanitária nas feiras de Xapuri e Epitaciolândia, dialogando com fruticultores. “Explicamos o que é a monilíase do cacaueiro, entregamos folders e orientamos como prevenir, detectar, quais os sintomas da doença e, em caso de suspeita, orientamos para que acionem o Idaf. Também tiramos dúvidas de como manejar o plantio, tanto para detecção da monília como para a vassoura-de-bruxa”, detalha a Joelma.

Frutos com vassoura-de-bruxa foram encontrados durante inspeção do Idaf (Foto: Cedida)

Casos de vassoura-de-bruxa são detectados

Nenhum caso de monilíase do cacaueiro foi identificado nas inspeções realizadas pela equipe do Idaf. Contudo, foram encontrados plantios com incidência de vassoura-de-bruxa, outra doença que afeta plantios de cacau e cupuaçu.

“Em Assis Brasil, há um plantio de cinco hectares de cacau, mas o produtor não faz colheita total de frutos. Ele usa apenas uma parte para alimentar animais, mas alguns cacaus ficam na árvore até que caiam, e isso representa risco para a sanidade do plantio”, destaca a gerente de Defesa Vegetal.

Pedro Arruda, coordenador de identificação de pragas do Idaf, revelou que nas visitas verificou-se que nos plantios há frutos em floração, frutos médios e grandes. “Isso mostra, pela experiência na área, que teremos frutos no ano todo. Esses frutos podem, a qualquer momento, ser infectados com monília porque são propriedades vizinhas à fronteira da Bolívia e Peru.”

Os técnicos do Idaf afirmam que a preocupação da autarquia é, principalmente, com os produtores familiares da cadeia de cupuaçu, tendo em vista que a venda da polpa da fruta é que auxilia na renda das famílias. “No Ramal Fontenele de Castro, por exemplo, são produzidos por propriedade uma faixa de 150 a 400 quilos de polpa por frutificação”, disse Joelma Pais.

Igor Gomes, coordenador da Defesa Vegetal de Cruzeiro do Sul, replicará ações no Juruá (Foto: Cedida)

Ações no Vale do Juruá

O coordenador da Defesa Vegetal de Cruzeiro do Sul, Igor Figueiredo Gomes, participou das atividades promovidas no Alto Acre e fará uma ação similar na região do Vale do Juruá, tendo em vista que há municípios naquela área que estão na faixa de fronteira com o Peru.

“Foi uma oportunidade para conhecer o Alto Acre e Baixo Acre e ver a realidade dos produtores daqui. Em Cruzeiro do Sul, usarei a mesma metodologia. Vou às feiras e propriedades e replicarei o que aprendi nesta semana. Faremos todo o trabalho de defesa para que essa doença não chegue aqui”, declarou Gomes.

Aguardando liberação de convênio

O Departamento de Defesa Vegetal do Idaf está aguardando a liberação de um convênio com o Ministério da Agricultura que possibilitará que ações de defesa sejam executadas nos municípios de difícil acesso [Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Santa Rosa do Purus e Jordão]. “São municípios que estão na fronteira com o Peru, país onde há registro do fundo. Assim que a liberação for efetivada, faremos vistorias nessas áreas com urgência”, avisa Arruda.

 

 

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