Há dez anos, Ciab presta atendimentos de saúde a operadores da segurança pública

Centro dispõe de equipe multidisciplinar (Foto: Arquivo)

Eles lidam com plantões intensos, situações de tensão e vivem em constante exposição da própria vida para resguardar a da população. Por esses e outros fatores, que muitos profissionais da área da segurança pública acabam por desenvolver problemas de saúde, sobretudo psicológicos, com os quais o Centro Integrado de Apoio Biopsicossocial (Ciab) lida há dez anos no estado.

Vinculado à Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e outrora conhecido como Núcleo de Apoio Psicossocial desde março de 2008, o Ciab recebeu sua atribuição de centro em 2014, deixando de atender apenas servidores da Polícia Civil e ampliando os serviços para todas as instituições e forças que compõem o Sistema Integrado de Segurança Pública.

À frente dos serviços desde sua implantação no Acre, a coordenadora-geral Francisca Félix Belém explica que os atendimentos vão do policial na ativa ao servidor de atividades administrativas. “É importante destacarmos que os serviços também se estendem aos familiares desses servidores, como filhos, pais, irmãos e cônjuges. Entendemos que todas as causas dos problemas e tudo o que eles envolvem e afetam precisam ser identificadas e solucionadas”, comenta.

Profissionalismo e empatia

Ciab já realizou quase 18 mil procedimentos (Foto: Arquivo)

Ouvir o outro, compreender pontos de vista e ter a capacidade de se colocar na situação de alguém seja em qual for o estado emocional que esteja, não são características de qualquer pessoa. Essa é a rotina dos profissionais da psicologia que compõem a equipe multidisciplinar do Ciab.

Thaís Mesquita é uma delas. Apaixonada pelo que faz, a psicóloga relata que lidar diretamente com casos específicos de servidores tem engrandecido sua carreira profissional há quatro anos. “Desde que eu cheguei aqui me deparei com uma realidade que envolve muitos profissionais, que por vezes chegam desacreditados de si mesmos, a ponto de abandonarem a carreira pública e desistidos de tudo. Por muitas questões, estresse familiar, pressões de ameaças, luto e tantas outras. Cada caso é um caso que tratamos com o mais alto sigilo, comprometimento e disposição em ajudar”, enfatiza.

A modalidade da psicologia é a mais requisitada no centro. E disposição para ouvir não falta a esses profissionais. “O que tem sido mais gratificante desse trabalho é perceber que com o tempo muitos dos que vimos chorar tantas vezes durante as sessões, chegam aqui com os olhos brilhando e o sorriso no rosto novamente. Não tem como não se sentir realizada nesse processo”, completa a psicóloga.

Quase 18 mil procedimentos

Psicóloga  Thaís relata crescimento de casos e declara realização pessoal com a profissão (Foto: Assessoria Sisp)

O Ciab abrange serviços de psicologia, psiquiatria, nutrição, clínica-geral e assistência social. Nos próximos dias, também entrará em funcionamento o serviço de enfermagem para a realização de pré-consultas.

Paralelamente aos atendimentos clínicos, são realizados acompanhamentos terapêuticos em casos de dependência química e atividades psicoeducativas.

O secretário de Segurança Pública Emylson Farias destaca a importância de se ter um centro integrado que disponibilize ajuda aos profissionais. “O trabalho do Ciab é muito relevante e não foi por acaso que ele se tornou exemplo para outros estados por seu pioneirismo em disponibilizar esses serviços em prol dos servidores da segurança pública e de seus vínculos familiares, o que muito nos orgulha.

Até o fim de 2017, o centro realizou quase 18 mil atendimentos. Entre 2008 e 2013, as maiores demandas foram contabilizadas no último ano com 1972 casos. Vale destacar que a partir de 2014, quando se aumentou a incidência de crimes no estado, esses números saltaram para quase quatro mil e reduziram timidamente nos anos subsequentes. No ano passado, somaram-se 3.252 procedimentos.

Depressão, dependência química, transtornos bipolar e do sono, estresse pós-traumático, síndrome do pânico e ideação suicida estão entre as patologias prevalentes.

“Os desafios ainda são grandes, como ampliar o efetivo de profissionais em razão da demanda e seguimos nessa luta, para garantir que esses servidores cumpram sua missão de cuidar da nossa população e preservem também sua saúde física e mental”, conclui Farias.

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