Borracha do Acre

Indústria de borracha em Sena Madureira beneficiará até duas mil famílias

A nova indústria tem capacidade para consumir toda a produção de borracha do estado (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Mantendo o espírito de ousadia e a tradição na produção de borracha, o Acre ativa mais uma indústria, agora em Sena Madureira. O governo do Estado entregou na manhã desta terça-feira, 2, a Indústria de Granulado para a Cooperacre (Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre). O investimento conjunto foi de mais de R$ 7 milhões e beneficiará mais de duas mil famílias da região, fazendo com que o empreendimento tenha capacidade de utilizar toda a borracha que se produz no estado anualmente.

“A Cooperacre está crescendo”, disse o governador Tião Viana ao cumprimentar Manoel Monteiro, superintendente da cooperativa. Com essa nova unidade de beneficiamento de produtos florestais, a Cooperacre passa a possuir seis filiais em todo o estado, movimentando mais de 50 milhões de reais por ano com castanha, polpas de frutas e borracha. “Esse é o melhor modelo de cooperativa da Amazônia”, enfatizou o governador.

Sibá Machado, titular da Secretaria de Indústria (Sedens), afirmou que o novo empreendimento contribui para o desenvolvimento sustentável que o estado realiza.  “Essa fábrica dinamiza a nossa economia. Ela está totalmente ligada aos investimentos que o governo tem feito, como o plantio de seringais em pequenas propriedades”, declarou. O secretário explicou que um dos desafios agora é aumentar as áreas produtivas e com novos plantios.

Com um grande sorriso ao ver a linha de produção entrando em funcionamento, Manoel explicou que este é apenas um passo e agradeceu o apoio que a organização tem recebido. “O governo acreditou em nós, e nós acreditamos no governo. Hoje estamos apresentando essa indústria para o povo acreano e queremos incentivar para que muitos mais plantem novos seringais, pois vamos ter muita demanda”, declarou.

O incentivo já pode ser sentido nas palavras do seringueiro Raimundo Paulino Ferreira, do Rio Macauã, em Sena Madureira. “Essa indústria vai funcionar com minha borracha e dos meus companheiros”, afirmou com entusiasmo. A empresa já adquiriu 300 toneladas de borracha seca para iniciar os processos de testes.

Raimundo Paulino já está fornecendo borracha para a indústria (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Ele explicou que há alguns meses começou, junto a quatro outros seringueiros, a retomar a extração do látex na comunidade. Agora, com 16 trabalhadores, já está fornecendo os primeiros quilos de borracha seca para a nova indústria. “Vamos trabalhar muito agora. Também temos 900 novas árvores crescendo pelo programa Florestas Plantadas”, afirmou.

O prefeito do município, Mazinho Serafim, declarou total apoio de sua administração para a nova fábrica. “Vocês estão gerando emprego e renda para nossa cidade. Muito obrigado ao governo do Acre por todas as parcerias que temos feito nesta gestão”, afirmou. Inicialmente, serão 20 funcionários contratados diretamente, mas a meta é ter 200 empregados.

Indústria e conservação

A formalização do processo industrial em território acreano dá um novo ar para economia local e possibilidades de desenvolvimento. Com a fábrica em Sena Madureira, mais uma oportunidade surge para os seringueiros e gera valor ao produto. O maior comprador da matéria prima CVP (cernambi virgem prensado) é o Estado de São Paulo, que compra a R$ 1,60 o quilo. Com a manufatura, as empresas de produção de pneu e solado de sapato pagarão R$ 7,80 o quilo do GEB (Granulado Escuro Brasileiro).

O GEB será vendido para indústrias de calçado e pneumática (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Para o governador, essa é uma etapa em que o Acre precisa avançar: “Nós saímos de uma participação inexpressiva da indústria na economia acreana. Hoje, temos além de 20% de participação do setor industrial e, se continuarmos a seguir esse caminho, vamos ter em menos de dez anos mais de 50% de participação na economia de um estado de tradição extrativista e surgido na cultura da seringueira e da castanha”.

O governo tem ido além do implemento industrial para desenvolver as cadeias produtivas. Em cerca de seis anos, em uma ação coordenada pela Secretaria de Agricultura Familiar (Seaprof) em parceria com outros órgãos do Estado, já foram plantadas mais de dois milhões de seringueiras, equivalente a 2800 hectares, pelo programa Florestas Plantadas.

Além desse fomento à produção da matéria-prima, o Estado também é responsável pela valorização do trabalhador, com o pagamento de subsídios para diversos produtos do látex.

“Nenhum lugar do mundo faz o que nosso governo faz: dar ferramentas na mão do trabalhador para desenvolver suas atividades”, afirmou Tião Viana. Desde 2011 até este ano o governo já investiu mais de R$ 500 milhões em ações de produção no Acre.