Mulheres indígenas do Acre fortalecem cultura e empoderamento político

Celebrando a cultura e a certeza da força feminina na construção das políticas nas aldeias do estado foi realizado ontem, 31, o encerramento do Encontro de Mulheres Indígenas no Acre. A vice-governadora, Nazareth Araújo, esteve no evento e levou a mensagem da luta contra o preconceito que o Estado faz quando trabalha as políticas públicas voltadas para a comunidade indígena.

Vice-governadora, Nazareth Araújo, acompanhada da indígena Antônia Kopi (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

“Quando a gente tem um encontro desses, que marca o valor e o respeito que o Estado do Acre tem por seus povos indígenas, as mulheres se tornam exemplos de que nós devemos lutar, cada vez mais unidos, homens e mulheres, por esse valor que está em nossa sociedade”, afirmou Nazareth, após ser recepcionada com dança e cantos.

Ao lado da vice-governadora, Francisca Arara, representante da Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (Amaaiac), reforçou a importância desse diálogo do governo com os movimentos. “Nossa luta é que essa política indígena do Acre continue. Aqui, o governo do Estado tem diálogo”, afirmou.

O encontro surgiu por uma preocupação das lideranças femininas nas aldeias, principalmente com a segurança alimentar, língua nativa e suas participações nas decisões políticas em cada grupo.

Francisca explica que, como resultado do encontro, sairá um documento com decisões conjuntas, construídas a partir da troca de experiência entre as mais de 100 participantes, de 25 povos, do Acre, Roraima, Amapá, Amazonas, Mato Grosso e da região de Madre de Dios (Peru).

Esse sentimento de empoderamento na tomada de decisões já pôde ser sentido entre as participantes do encontro. Muitas delas, já trabalham a liderança e a busca de melhorias nas aldeias de todo o estado, entre os rios e varadouros.

Antônia Kopia, da etnia Apurinã, mas moradora da Terra Indígena Yawanawá do Rio Gregório, em Tarauacá, de longe reconheceu a roupa vestida na vice-governadora. Era uma de suas peças, confeccionada por suas mãos conhecedoras da identidade que carrega.

Ela falou sobre a preocupação com a língua de seu povo, pois agora também se considera Yawanawa, pois é casada com um membro da etnia. Com sua força, quer movimentar desde a saúde até à política.

“As mulheres indígenas estão ocupando espaço nas aldeias e também na sociedade do branco. Antigamente a gente não tinha isso, hoje estamos tendo oportunidade, com esses apoios. Precisamos ter o conhecimento da sociedade branca”, afirma Antônia.

Em sintonia com essas lideranças femininas das aldeias acreanas, a vice-governadora do Acre declarou o quanto o Brasil precisa reconhecer quem vive na Amazônia e que haverá sempre a luta contra ataques que ocorrem aos povos da região. “Nós não vamos desistir nunca de nossos ideais”, afirmou Nazareth Araújo.

O Encontro de Mulheres Indígenas é promovido pela Organização de Professores Indígenas do Acre (Opiac), Amaaiac e Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/Acre), em parceria com a Rede de Cooperação Amazônica e o governo do Estado.

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