Na COP23, lideranças Ashaninka apresentam experiência de sucesso do Fundo Amazônia

Os líderes Ashaninka falaram sobre a experiência de gestão territorial e preservação (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Dentro da programação do Amazon Bonn, dia dedicado aos estados que compõem a Amazônia Legal na COP23, foram apresentadas experiências de sucesso feitas com recursos do Fundo Amazônia, programa do governo federal com apoio de países parceiros.

Uma dessas histórias foi o trabalho realizado pela Associação Ashaninka do Rio Amônia Apiwtxa (termo que significa união), situada no município de Marechal Thaumaturgo, no Acre, na fronteira com o Peru. Um dos líderes da comunidade, Isaac Pianko, falou da importância dos investimentos para a gestão territorial e ambiental em terras indígenas situadas na região do Alto Juruá.

“Fica fácil para um investidor apoiar um projeto de uma instituição que sabe o que quer. Nós trabalhamos com vários parceiros, não apenas o Fundo Amazônia, mas com o governo do estado e outros parceiros. Acreditamos no bem viver. Não é só em estarmos bem, mas nosso vizinhos também estarem bem. Temos parceria com nossos irmãos peruanos”, explica Isaac Pianko.

Com o tema, “Impactos e desafios do Fundo Amazônia”, o painel em questão, encerrou os debates do Amazon Bonn, e teve ainda a presença de José Pedro Costa, secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Jeferson Straatmann, coordenador do Instituto Socioambiental (ISA) em Altamira (PA) e Victor Salviati, gerente do Programa de Soluções Inovadoras da Fundação Amazonas Sustentável (FAS).

Juliana Santiago, chefe do departamento do Fundo Amazônia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), acredita que os avanços conquistados não apenas pela comunidade Ashaninka, mas por várias outras comunidades atendidas pelo Fundo, são significativos e precisam ser reconhecidos pela sociedade brasileira. “Tecnologias sociais foram desenvolvidas ao longo dos anos. Aqui temos uma pincelada disso, mas não dá para ter um quarto de tudo que foi feito. Precisamos também reconhecer o fortalecimento da gestão das comunidades. Ainda há caminho a seguir.”

Como explicou Juliana Santiago, a avaliação dos projetos apoiados pelo Fundo, por meio do BNDES, apontou que os impactos positivos são muitos, mas há ainda desafios a serem vencidos. Principalmente com relação aos avanços na gestão territorial na Amazônia.

Projeto na ordem de 6,6 milhões

O Projeto Alto Juruá beneficia moradores de duas terras indígenas – a dos Ashaninka, localizada no Rio Amônia, e a dos Kaxinawá-Ashaninka, no Rio Breu – e 50 comunidades extrativistas da Reserva Extrativista do Alto Juruá. O investimento é na ordem de 6,6 milhões de reais.

Ele promove o manejo e a produção agroflorestal nas comunidades, com o propósito de constituir alternativa econômica sustentável ao desmatamento, além de apoiar iniciativas de monitoramento e controle do território e de fortalecimento da organização local.

Também presente na COP23, Benki Pianko, outra liderança do povo Ashaninka, comentou o que espera da conferência que decide parte do futuro do planeta. “Espero que as pessoas possam nos escutar e nos convidar para fazermos parte dessas negociações. Isso pode ser muito importante, que é importante, porque nós não estamos aqui vivenciando estudo acadêmico, nós não estamos vivendo pesquisas, nós (povos indígenas) estamos vivenciando o real, o que se passa nos territórios indígenas”, declarou.

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