Negócios sustentáveis podem render trilhões e conquistar a confiança da sociedade – artigo

A boa notícia vem de Londres, onde foi publicado segunda-feira, 16, o mais recente Relatório da Business & Sustainable Development Commission (Comissão de Desenvolvimento Sustentável e Empresarial), assinado por 35 diretores executivos (CEOs) e líderes, afirmando que a próxima década vai oferecer grandes oportunidades em mercados-chave a empresas dispostas a enfrentar desafios sociais e ambientais. O documento afirma que os negócios sustentáveis podem gerar pelo menos US$ 12 trilhões e reparar o sistema econômico global.

A informação se encaixa como uma luva nos esforços do Acre para desenvolver, junto a países ricos, contratos que viabilizem seu programa de sustentabilidade com uma economia de baixo carbono. A propósito, o governador Tião Viana e alguns secretários e assessores estão nestes dias no estado norte-americano do Colorado, mostrando resultados obtidos na Califórnia e junto ao banco de desenvolvimento KfW da Alemanha.

A partir do Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre (ZEE), concluído em 2010, o estado tem contado com um instrumento de desenvolvimento centrado na perspectiva da sustentabilidade, e tem avançado na gestão dos recursos naturais, na governança rural e nas economias de base florestal.

Desafio global

Os CEOs da Comissão acreditam que, além de abrir oportunidades econômicas no valor de pelo menos US$ 12 trilhões, seja possível gerar até 380 milhões de empregos por ano até 2030, desde que se coloquem as Metas de Desenvolvimento Sustentável, ou Metas Globais, no centro da estratégia econômica mundial, desencadeando “uma mudança radical no crescimento e na produtividade, com um boom de investimento em infraestrutura sustentável como fator crítico”.

Isso somente aconteceria, entretanto, com mudança significativa na comunidade empresarial e de investimento. “É necessária uma verdadeira liderança para que o setor privado se torne um parceiro confiável no trabalho com governos e com a sociedade civil para consertar a economia”, registra o documento.

A comissão reconhece: “Embora nas últimas décadas centenas de milhões de pessoas tenham sido retiradas da pobreza, houve também um crescimento desigual, mais insegurança no campo do emprego e um endividamento cada vez maior. Esses fatores alimentaram uma reação antiglobalização em muitos países, com interesses empresariais e financeiros considerados centrais para o problema, minando o crescimento econômico de longo prazo que o mundo precisa”.

O que será necessário para que as empresas sejam fundamentais para criar uma economia de mercado sustentável, que possa ajudar a atingir os Objetivos Globais?- indaga a comissão. A resposta é dada por membros dela:

“Este relatório é um apelo à ação para líderes empresariais. Nós estamos no limite e não mudar resultará em mais oposição política e em uma economia que simplesmente não funciona para um número suficiente de pessoas. Temos que mudar para um modelo de negócio que funcione para um novo tipo de crescimento inclusivo”, afirma Mark Malloch-Brown, presidente da Business & Sustainable Development Commission.

“Muitos estão agora percebendo as enormes oportunidades que existem para empresas esclarecidas e dispostas a enfrentar estes desafios urgentes. Mas cada dia que passa é mais uma oportunidade perdida para a ação. Devemos reagir de forma rápida, decisiva e coletiva para garantir um mundo mais justo e próspero para todos”, afirma Paul Polman, CEO da Unilever.

Embora as oportunidades sejam convincentes, a Business & Sustainable Development Commission deixa claro que duas condições críticas devem ser atendidas para criar esses novos mercados. Primeiro, será necessário um financiamento inovador de fontes públicas e privadas para liberar os US$ 2,4 trilhões necessários anualmente para alcançar os Objetivos Globais.

“Também precisamos de novas parcerias otimizadas com governos e comunidades que possam reduzir os riscos para todos e trazer mais investimento privado a um custo mais baixo para o desenvolvimento de infraestrutura sustentável”, explica Hendrik du Toit, CEO da Investec Asset Management.

“A promessa dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e do Acordo Climático de Paris é um mundo livre de carbono e com pobreza zero. Para alcançar esses Objetivos Globais, precisamos recuperar confiança. Um novo contrato social para as empresas onde as pessoas, seu meio ambiente e desenvolvimento econômico sejam reequilibrados pode garantir que todos os filhos e filhas sejam respeitados com liberdade, salário mínimo adequado, acordos coletivos e trabalho seguro garantido.

Somente um novo modelo de negócios baseado em antigos princípios de direitos humanos e justiça social irá apoiar um futuro sustentável”, explica Sharan Burrow, secretária-geral da International Trade Union Confederation e também integrante da Comissão.

(Para ler o relatório completo visite report.businesscommission.org).