Povo Noke Kui resgata sua cultura em festa anual

noke kui1De 28 de julho a 3 de agosto Cruzeiro do Sul irá sediar o IX Festival do Povo Noke Kui, mais conhecido como katuquina, que habita a terra indígena (TI) situada às margens da BR-364, a 50 km da sede municipal. A abertura da festa será na manhã do dia 28, na arena construída na Aldeia Campinas, umas das seis existentes na TI.

Segundo o líder Fernando Katuquina, a festa deste ano será uma marca histórica, pois o evento nunca antes foi feito com tantas atrações.

Em todos os esportes tradicionais, haverá disputas como arco e flecha, cabo de guerra, corridas, arrancar macaxeira, pau de sebo, coco, cana, lança lama e outras. Também haverá futebol de campo, que tem uma tradicional versão indígena, segundo o líder Noke Kui. “Estamos resgatando os esportes que praticamos há mais de 500 anos”,  disse.   

Fernando Katuquina: “Vai ser a maior festa do nosso povo, resgatando nossas tradições”.  (Foto Flaviano Schneider)
Fernando Katuquina: “Vai ser a maior festa do nosso povo, resgatando nossas tradições” (Foto Flaviano Schneider)

Outras tradições também estarão presentes na festa, como cantorias, dança mariri, vacina de kambô, rapé e pinturas corporais. Também haverá feira de artesanato e alimentação típica. “Estamos convidando a população para prestigiar: não vai ter bebida alcoólica, nem forró, nem violência, somente nossas tradições”, enfatizou Fernando.

Para ele, algumas pessoas ainda têm preconceito contra os katuquina, dizendo que eles são preguiçosos e violentos, mas ele rebate: “Pelo contrário, somos defensores da nossa floresta, da nossa água doce, da nossa terra, da nossa cultura e dos nossos direitos”.

Língua preservada

Apesar de morar às margens da rodovia e próximo à cidade, o povo Noke Kui soube preservar seu idioma, pertencente à família Pano. Fernando comenta que na aldeia todos falam a língua materna e a têm como primeira língua em seu dia a dia, seja no trabalho, na alimentação ou nas conversas. Nas escolas das aldeias, que têm 315 alunos, as aulas do ensino infantil e fundamental são dadas especialmente na língua materna. No ensino médio, o português se torna predominante. A maioria dos professores é indígena.

O censo do ano passado indicou uma população de 685 pessoas, mas somente neste ano já nasceram mais 40 crianças e ainda existem cerca de 20 índias grávidas, informa Fernando.

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