Povo Puyanawa comemora o Dia do Índio

O arco e flecha hoje é apenas esporte (Foto: Flaviano Schneider)
O arco e flecha hoje é apenas esporte (Foto: Flaviano Schneider)

Perseguidos, escravizados e quase extintos no início do Século XX, os índios puyanawas deram a volta por cima. Hoje estão firmemente estabelecidos em sua terra indígena, no município de Mâncio Lima, e se destacam na produção de farinha, item econômico mais importante do Vale do Juruá. Neste 19 de abril, foi dia de comemorar com muita festa, muita caiçuma e muita alegria.

Centenas de índios, muitos vestindo trajes tradicionais confeccionados com palhas de uriti, além dos cocares coloridos, divertiram-se com as danças, músicas típicas e brincadeiras, como a de arrancar macaxeira e o esporte da flecha ao alvo.

Durante toda a semana haverá atividades, especialmente na escola puyanawa, onde serão lembradas as tradições na agricultura, na caça e no artesanato.

O cacique Joel Puyanawa iniciou o dia com uma palestra em que recordou o passado de sofrimento e o resgate da cultura que ocorreu ao longo dos últimos anos. Eles foram proibidos de se casarem entre si, proibidos de praticar seus ritos religiosos e até mesmo de falar sua língua.

A arte da pintura corporal está presente entre os Puyanawá (Foto: Flaviano Schneider)
A arte da pintura corporal está presente entre os puyanawas (Foto: Flaviano Schneider)

“No passado foi a dor, a escravização e o sofrimento. Mas sobrevivemos e hoje temos a inspiração para estudar, aprender e fazer nossa cultura e ensinar para os mais jovens. Nós acordamos para a realidade da vida, vivemos com alegria e sabemos que para garantir nossos direitos temos que conhecer nossa tradição e mostrar”, diz Joel.

O coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Luiz Nukini, prestigiou as festividades na aldeia. Ele disse que os povos indígenas, cada vez mais aproveitam o mês de abril para refletir sobre seu processo de organização, de luta também pensando na gestão de seu território, visando o futuro das novas gerações.

Luiz destacou o resgate da cultura e tradição que está ocorrendo entre o povo Puyanawa. “Hoje aqui é festa. Momento em que o povo Puyanawa pode mostrar o grande avanço que alcançou em sua organização política, social e cultural”.

Embrapa

Biólogo Moacir Haveroth, chefe do escritório da Embrapa em Cruzeiro do Sul, Marcelo Klein, chefe-geral da Embrapa, Eufran Amaral e Rogério Rezende coordenador do projeto Puyanawa (Foto: Flaviano Schneider)
Biólogo Moacir Haveroth, da Embrapa em Cruzeiro do Sul, Marcelo Klein, chefe-geral da Embrapa, Eufran Amaral e Rogério Rezende coordenador do projeto Puyanawa (Foto: Flaviano Schneider)

Uma equipe da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) inclusive o chefe-geral, Eufran Amaral, também esteve toda a manhã de hoje nas festividades da aldeia.

Embora tenham apreciado a festa, o motivo da visita era outro: aprofundar o contato com a comunidade, tendo em vista que a empresa, que já há cinco anos presta assessoria em várias áreas aos puyanawas, pretende montar um projeto maior de apoio.

Segundo Amaral, o projeto terá participação de outros órgãos, como Funai, Ufac e Seaprof e irá concorrer a edital interno na Embrapa. O projeto parte das demandas da própria comunidade, tendo o foco principal em segurança alimentar, fortalecimento da cultura e gestão do território.