Na zona rural

Sacola Viajante: o ousado projeto de leitura de uma escola no Acre

Projeto é uma forma de aproximar os alunos e a comunidade do mundo letrado (Foto: Mardilson Gomes)

Na zona rural de Rio Branco, quilômetro 17 da Transacreana, está localizada a Escola Estadual Wilson Pinheiro. Na instituição tudo inspira união e engajamento social, a começar pelo nome do órgão, uma homenagem a um dos grandes líderes seringueiros do Acre da década de 70.

E por mais que o local carregue o simbolismo de um herói histórico, a escola vai além, e busca, assim como seu homenageado, provocar mudanças de vidas e de comportamentos na comunidade. Exemplo disso é o audacioso projeto de leitura, intitulado carinhosamente como Sacola Viajante.

“Sacola Viajante é uma tática que criamos para incentivar a leitura e despertar o prazer pelos livros não só nos nossos alunos, mas nas famílias deles, pois as obras viajam, saem da biblioteca e vão para as casas dos estudantes”, explica Francielda Lima, diretora da escola.

De acordo com a gestora, essa foi uma forma que a instituição encontrou para aproximar as famílias e resgatar os momentos de intimidade nos lares, as partilhas e as trocas de experiências. “Hoje muitos vivem no seu isolamento particular, com seus aparelhos tecnológicos, e não têm mais o hábito de conversar, de interagir, de discutir ideias. O projeto vem para reavivar isso por meio da leitura”, destaca.

Resultado

A ideia foi implantada em 2016 e já tem revelado leitores assíduos. Lana Barreto, de 7 anos, é a prova disso. A pequena, ainda está no 2º ano do ensino fundamental, mas o amor pela literatura é tanto que até nas férias ela vai à escola só para pegar livros.

“Gosto de ler tudo. Contos de fadas, história em quadrinhos, poesias, qualquer coisa. Até livro de biologia e matemática, pois quando leio conheço várias coisas e lugares. E quando tem algo no livro que eu não sei o que significa, pergunto para a minha mãe ou para meus professores”, conta.

Edição 2017

Inspirada por alunos como Lana, a escola ampliou o projeto. E na semana passada, lançou a edição 2017, com a produção e entrega de mais 50 sacolas, para atender os 160 estudantes do local.

Representantes da coordenação de ensino rural e da diretoria de gestão da Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE) prestigiaram o lançamento. O deputado Daniel Zen, patrocinador do projeto, também esteve presente.

“Vamos fazer revezamento. A cada fim de semana um grupo leva para casa e depois traz para os outros. Todos vão poder levar, porque queremos que nossos alunos sejam apaixonados pelos livros. Queremos que ouvir e ler histórias até o fim não seja obrigação, mas um desejo norteado pela fantasia que só o livro tem”, diz a diretora.

No lançamento da edição 2017, foram entregues mais 50 sacolas, para atender os 160 estudantes do local (Foto: Mardilson Gomes)

Na sacola

Na sacola há um livro paradidático e um questionário sobre a obra lida. São questões que instigam o educando a ler, interpretar e questionar. Ao mesmo tempo, colaboram para a democratização de um dos mais valiosos patrimônios culturais da humanidade, a escrita.