Sesacre encerra atividades do mês de conscientização sobre a doação de órgãos

O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), realizou neste fim de semana uma programação alusiva ao setembro verde, mês de conscientização sobre a doação de órgãos. A atividade foi desenvolvida pela gerência do Serviço de Atendimento Especializado (SAE).

O médico infectologista Tércio Genzini, realizou uma palestra sobre o trabalho realizado por sua equipe com pacientes no Acre. Há mais de uma década, o profissional é um dos responsáveis pelos transplantes de fígados realizados no estado.

“O Acre venceu desafios importantes na realização de transplantes de fígado. Desde que foi criado, em 2014, esse programa de transplantes hepáticos vem colocando o estado em posição de destaque. O índice de sobrevida dos pacientes transplantados aqui é superior a 95%”, lembrou Genzini.

(Foto: Junior Aguiar)

Quase 20 anos de um transplante

Dona Lizete Souza fez o transplante de fígado há 19 anos e desde então tem uma rotina normal. Ela conta que a hora da medicação é a única parte do dia que a fazem lembrar que é transplantada.

A aposentada ressalta que doar os órgãos de um ente querido é uma atitude altruísta e demonstra o desprendimento dos familiares. “Eu sinto uma alegria muito grande todas as vezes que lembro que estou viva graças à atitude da família do meu doador. Toda minha gratidão àqueles que respeitaram a vontade de doar daquele familiar”.

Lizete lembra as dificuldades que enfrentou ao ter que deixar o Acre para realizar o procedimento. “Naquela época ninguém falava em transplante. Pouca gente sabia o que era doação de órgãos. Eu tive que fazer a cirurgia em São Paulo (SP) e lutar pela vida. Hoje estou bem e luto para que cada vez mais pessoas abracem essa causa tão nobre”.

Os números do Acre

Hoje o Estado é referência em transplantes na região Norte e serve de modelo para outros estados do país. São mais de 600 procedimentos realizados, quase metade realizados no Hospital das Clínicas (HC). Somente este ano, foram 11 transplantes de fígado, sendo 41 desde 2014.

Segundo a gerente do Serviço de Atendimento Especializado, Edna Gonçalves, o Acre realiza transplantes de fígado, rim, córnea e já está credenciado para transplantar pâncreas.

“Nós atendemos pacientes do Acre e até de outros estados do país. As cirurgias têm sido um sucesso e nossos pacientes transplantados apresentam excelente recuperação. Esses resultados já nos credenciaram para transplantar outros órgãos, explicou a gerente.

Histórias Cruzadas

Durante o evento, o documentário “Histórias Cruzadas”, dirigido pelo cineasta francês Marc Dourdin foi apresentado. O filme mostra o trabalhe dos profissionais de saúde e dois pacientes transplantados.

Segundo o diretor, a ideia era mostrar as histórias de superação das pessoas envolvidas nesse processo de busca por um órgão. Foram pelo menos quatro meses de pesquisa e a captação de um gigantesco material humano.

“Eu me emocionei muito com as histórias que conheci, com os profissionais dedicados. Tem muita gente da área de saúde que abre mão de muita coisa para participar desse trabalho, que luta contra o tempo. O filme tem uma função social e nós queremos que as pessoas o utilizem como material de informação”, disse Dourdin.

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