A vida é outra em Brasileia

Pouco tempo depois de ser inaugurado, Parque do Centenário estimula hábitos saudáveis e traz qualidade de vida com esporte, lazer e reflexão em meio à natureza no centro da cidade

parque_brasileia_foto_gleilson_miranda_27.jpg{xtypo_rounded2}"Os nordestinos que se fizeram seringueiros plantaram no coração da floresta uma semente da pátria, uma vila chamada Brasileia.

Mais tarde, viram que o nome já estava reservado à capital do Brasil, sonhada desde tão longe para ser eterna. A pequena vila na fronteira distante tornou-se Brasileia, modesta e simples filha mais velha de um mesmo sonho.

E outros nordestinos se fizeram candangos para construir, no coração do planalto, a capital do futuro.

Aos 100 anos de Brasileia, 50 anos de Brasília, estas linhas de tradição e modernidade traçadas por Oscar Niemeyer e Athos Bulcão passam a unir no espaço do planalto à floresta o que já estava unido no tempo a semente, o sonho e a vida de todos que sonharam e plantaram".{/xtypo_rounded2}

A inscrição acima é o cartão de visitas do Parque do Centenário de Brasileia, espaço que em menos de um mês após ser inaugurado pelo Governador Binho Marques, trouxe importantes impactos na qualidade de vida da população não apenas de Brasileia como de Epitaciolândia e Cobija, cidades vizinhas. A partir de uma ilha verde urbana emergiu a reafirmação de uma região marcada pela luta socioambiental num espaço de mais de oito hectares construído em uma área até então identificada como Igapó do Kayrala/Bacurim. Adotado imediatamente pela população, o local é uma homenagem aos 100 anos de Brasileia e aos 50 anos de Brasília. Destinado ao lazer e a prática de esportes, foi construído na mesma linha dos parques da Maternidade e Tucumã, localizados na capital acreana. "Eu não acreditava que ia ficar tão bom. Está maravilhoso. E o que me mais me chama a atenção são os idosos usando os equipamentos de ginástica", disse a dona de casa Andrea Linhares, que faz caminhadas todos os dias pelo parque sempre acompanhada da filha, Jasmim Aline.

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Parque promove hábitos saudáveis ao redor de uma bela área de floresta. Andrea e a filha Jasmim caminham todos os dias (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

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Tradicional tacacazeira Eriva Maia Lopes serve caldo num quiosque do parque (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

A presença de pessoas é grande o dia todo, mas especialmente no fim da tarde, quando o sol começa a se despedir, o parque fica completamente lotado. "O que queríamos aconteceu. A comunidade se apropriou deste espaço. Agora, todos nós temos de zelar por ele", disse a prefeita Leila Galvão, uma das mais entusiasmadas com o advento do parque. Antes dele, as pessoas só tinham como opção para corridas e caminhadas a BR-317, que corta a cidade. "Era o maior perigo, podiam ser atropeladas a qualquer momento", lembra Eriva Maia Lopes, tradicional tacazeira de Brasileia que agora está servindo o caldo num quiosque de feições regionais. "Para mim, este parque mudou tudo", completou ela, sempre sorridente e oferecendo uma cuia da iguaria. 

O parque custou R$ 3,9 milhões e sua construção demandou grande esforço do Governo do Estado e da prefeitura, contemplando área construída de 84.470 m² e possui uma quadra poliesportiva, quadra de areia, conjunto de ginástica com 21 aparelhos, quiosques, sombreadores, pontes, 4.200 m² de calçada, sistemas de tratamento de esgoto, sede para Secretaria Municipal de Meio Ambiente, além de monumentos de Niemeyer e Bulcão. O projeto levou em conta também a implantação do escritório de administração, bancos de madeira, bicicletários, 20 mil metros quadrados de placas de grama, plantas arbustivas variadas, palmeiras, árvores, pórtico de entrada e playground. A obra tem investimento do BNDES e possui ainda pista de 1,2 quilômetros sem recortes, o que a torna muito propícia para caminhadas, duas quadras de esporte, playgrounds, área para piquenique e equipamentos de ginástica.

O igapó é um ecossistema que registra a presença de várias espécies da fauna e da flora amazônica. No caso do Kayrala/Bacurim há espécies como aves ciganas e capivaras. Com projeto do arquiteto Adolfo Quiroga, da Secretaria Estadual de Obras, foi feita a instalação de uma pista de atletismo obedecendo ao traçado natural das árvores. Ou seja: nenhuma árvore foi afetada com a implantação da pista.

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Parque custou R$ 3,9 milhões e foi entregue há menos de um mês pelo governador Binho Marques (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

De todos e para todos

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Antônia tem 81 anos e morava em São Luiz. Em Brasileia há 8 meses, ela caminha todos os dias acompanhada da família (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Todas as faixas etárias se encaixam perfeitamente nos objetivos do parque: promover a interação entre homem e meio ambiente, uma vez que, com o passar do tempo, essa relação se torna mais distante para as pessoas de áreas urbanas; implantar pontos de infiltração das águas provenientes das chuvas, e criar áreas de lazer e entretenimento para as famílias, alimentando hábitos saudáveis, como prática de esportes. Além disso, o novo espaço busca diminuir impactos ambientais causados pelo crescimento desordenado das cidades, preservando e mantendo espaços arborizados que ajudem a reduzir as altas temperaturas causadas pelas construções de grande porte, que abafam as cidades, diminuindo a dissipação do calor. Também deve servir de atrativo turístico

Nesse contexto, a terceira idade passou a contar com um ambiente muito especial, conforme reconhece Antônia Elza, que mora em Brasileia há apenas oito meses. Antônia tem 81 anos e morava em São Luiz. Deixou o Maranhão para morar com o filho e a nora, fiel acompanhante nas horas de caminhada e de academia ao ar livre no parque. "Lá em São Luiz, que é uma cidade grande, não encontrei um lugar assim para nós, de maior idade", disse ela, freqüentadora assídua.

E os mais jovens, se pudessem, passavam o dia todo brincando e se divertindo. Tatiane Azevedo, estudante da oitava série na Escola Kairala José Kairala, gosta de tudo o que existe no parque, mas o playground a atrai mais facilmente. Ali, fica um tempão em companhia de Nathaly, sua amiguinha.

A tacacazeira jogadora de vôlei

Liliane Maia Lopes ajuda a mãe, Eriva, no preparo do tacacá e no atendimento aos clientes do quiosque no Parque da Maternidade. Liliane conta que quase que diariamente dá uma escapadinha do trabalho para jogar vôlei na quadra próxima do quiosque. Nascida e criada em Brasileia, ela tem uma opinião clara sobre o parque: "Mudou não só para nós como para toda a cidade".

parque_brasileia_foto_gleilson_miranda_42.jpg {xtypo_quote}Mudou não só para nós como para toda a cidade.
Liliane Maia Lopes, filha da tacacazeira Eliva que ajuda no atendimento no  quiosque e joga vôlei na quadra do Parque Centenário de Brasileia{/xtypo_quote}

Campanha pela conservação

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Prefeita Leila Galvão (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

A prefeitura calcula que em média duzentas pessoas usem os espaços e equipamentos para a prática de exercícios físicos, conversas preguiçosas e namoro com trilha sonora das dezenas de sanhaçus que tomam conta das árvores enquanto mais um dia se vai. A vida é outra em Brasileia.

E, para manter o charme e a qualidade do parque, a prefeita Leila Galvão reuniu sua equipe e definiu que a prefeitura irá deflagrar uma campanha de conscientização da comunidade para que o local se mantenha sempre limpo e conservado, assim como sua rica fauna, composta inclusive de árvores de grande porte, como a palmeira imperial, e por flores tropicais como as helicônias, os costus e as samambaias.


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