Fiscalização salva 10 mil m² de floresta em Acrelândia

Operações do Imac e parceiros driblam estratégias de criminosos e impedem queimadas e derrubadas em todo Estado do Acre

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Produtor do ramal 6 diz que sofreu ameaças de morte. (Foto: Imac )

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Para chegar à região fiscalizada equipe teve de vencer vários quilômetros de ramal e picadas no meio da mata. (Foto: Imac )

A insistência dos órgãos de meio ambiente na fiscalização impede que grandes crimes ambientais sejam cometidos. Equipes do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) e de parceiros como o Pelotão Florestal percorrem os ramais e varadouros de todo o Estado ininterruptamente. No último domingo, 10, e na segunda-feira, 11, a equipe impediu que mais de 10 mil metros quadrados de florestas fossem queimados no município de Acrelândia.

Dias de caminhadas em varadouros e ramais vistoriando propriedades. A pele queimada do sol, o cansaço físico e os arranhões ganhos em tabocal, não impediram o trabalho da equipe, que conseguiu evitar que uma área de floresta fosse derrubada e queimada.

A região vistoriada já vinha sendo analisada pelos fiscais há uma semana. Poucos minutos antes dos fiscais chegarem à região onde algumas árvores foram abatidas o barulho da moto-serra parou. De acordo com o chefe da equipe, Jorge Matni, existem ‘olheiros’ na estrada que avisam quando a fiscalização se aproxima. Assim os madeireiros conseguem fugir. Em contrapartida a fiscalização está sempre inovando o modo de agir e como resultado apreendeu a moto-serra que os madeireiros não tiveram tempo de levar. E o resultado é maior do que a apreensão. Os moradores da região afirmam que os caminhões que saiam de madrugada  pelo ramal sumiram.

A retirada ilegal de algumas espécies como angelim, cedro, cerejeira e até mogno foram registradas através de GPS (Sistema de Posicionamento Global). O Imac e o Pelotão Florestal iniciaram investigação na região na tentativa de identificar o responsável pela derrubada.

Durante dois dias uma equipe de jornalismo acompanhou parte do trabalho de controle e fiscalização que é realizado pelo Imac e parceiros, enfrentando as mesmas dificuldades que os fiscais encaram todos os dias. As operações de fiscalização acontecem durante todo ano, mas são intensificadas durante os meses mais secos do ano. Além da redução do corte de madeira as operações de fiscalização refletem na diminuição dos focos de calor, pois coíbem as ações ilegais, o que aumenta os dados positivos obtidos pela observação dos satélites sobre o território acreano.

{xtypo_rounded2}Estratégias do crime

Para chegar à região fiscalizada, assentamento Porto Luiz I e entorno, a equipe teve de vencer vários quilômetros de ramal. Os madeireiros e produtores ilegais montam rede de comunicação na tentativa de fugir da fiscalização. Telefone celular são utilizados para avisar da presença dos carros e pessoas dos órgãos de controle.

Os infratores também se valem da simplicidade das pessoas mais humildes que ocupam as áreas mais isoladas do interior. Prometem melhoria em ramais e lucro aos moradores, depois abandonam o local assim que se extingüe o potencial de exploração. Quando não obtêm o apoio dos moradores surgem as ameaças de morte. Um produtor rural do ramal da linha 6, conhecido como Neguinho, sofreu uma dessas ameaças. Ele afirma que não derruba, nem deixa derrubar na propriedade dele. Por conta disso os madeireiros suspeitaram que ele revelaria o movimento de derrubada na região.{/xtypo_rounded2}

{xtypo_rounded2}Médios e grandes produtores

A investigação dos médios e grandes produtores é realizada com apoio da comunidade, além das ferramentas de monitoramento como satélites e sobrevôos. As denúncias também são elementos importantes na hora de identificar onde estão acontecendo crimes ambientais.

Uma das áreas embargada fica na fazenda de um médio pecuarista. Uma área de 60 hectares já estava brocada (pronta para ser queimada). O proprietário da fazenda foi encontrado, notificado do embargo e agora responderá ao processo administrativo do Imac que apontará a penalização prevista na lei ambiental para os crimes cometidos.{/xtypo_rounded2}

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