Governo inaugura Escola de Gastronomia Miriam Assis Felício neste sábado


O governo do Estado inaugura neste sábado, 22, às 9 horas, o Centro-Escola de Gastronomia e Hospitalidade Miriam Assis Felício, a “Dona Miriam”, na Cidade do Povo.

Projeto doado pela arquiteta Marlúcia Cândida, o espaço possui salas de aulas, laboratórios de restaurantes e hotelaria, bar e cafeteria, cozinha experimental, panificação e confeitaria, práticas livres de hotelaria (camareira e recepção), biblioteca e lanchonete, além de outras áreas de convivência e formação.

“A ideia foi criar ambientes nos quais o aluno possa transitar de um lado a outro, e que as pessoas, a partir daí, possam aguçar sua criatividade. Ao lado de uma floresta, na Cidade do Povo, tenho certeza de que surgirão muitas receitas, em que o sabor, a cor, a luz e os sentidos remeterão à nossa identidade”, comenta a arquiteta.

Os investimentos da obra são de mais de R$ 8 milhões, com recursos oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do governo do Acre e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A homenagem à empresária “Dona Miriam” é um reconhecimento especial por sua atuação na sociedade acreana, com destaque em iniciativas que contribuíram para o desenvolvimento social, cultural e econômico no estado.

Escola será um centro de pesquisa da matéria-prima regional e divulgará o estado por meio da gastronomia. (Foto: Rose Farias)

“Dona Miriam”

Miriam Assis Felício, a “Dona Miriam”, era uma exímia mestra na cozinha. Suas receitas eram de dar água na boca. Elaborava de comida regional do Norte a iguarias libanesas, herança de seus ascendentes.

Suas deliciosas receitas lhe fizeram ser conhecida e, com isso, “Dona Miriam” comandava os eventos gastronômicos da capital promovendo grandes banquetes.  Ela foi responsável pelo cardápio na visita de três presidentes do Brasil ao Acre.

Casada com o empresário Abrahão Felício, juntos criaram em 1967 a Indústria Miragina, fábrica de pães, biscoitos e massas.

“Dona Miriam” era conhecida por seu dinamismo e fazia questão de comandar o empreendimento da família e participar da elaboração dos produtos.

Desenvolveu muitas obras sociais e religiosas. Além de elaborar receitas culinárias, passou a ensinar a arte de cozinhar para amigas e pessoas da comunidade, por meio de cursos, e organizar diversos eventos para angariar fundos, como jantares e outras iniciativas gastronômicas.

Casada com o empresário Abrahão Felício, juntos criaram em 1967 a Indústria Miragina, fábrica de pães, biscoitos e massas. (Foto: acervo família)

Centro de formação em gastronomia e hospitalidade

O projeto da escola é fruto de uma ação conjunta do Instituto Dom Moacyr Grecci, Secretaria de Estado de Turismo (Setul), do gabinete da primeira-dama, com a assessoria técnica prestada pela empresa paulista Margot Botti Gastronomia e Cultura.

A escola será um centro de pesquisa da nossa matéria-prima e divulgará o estado por meio da gastronomia, além de preparar melhor o turismo, gerando oportunidades para que as pessoas tenham o seu próprio negócio.

A escola divulgará a identidade acreana, com vistas ao empreendedorismo e à sustentabilidade.

O programa de gastronomia tem como premissas promover: a conservação e uso sustentável da biodiversidade; a cultura alimentar dos povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares; o consumo de produtos dos sistemas agropecuários do estado; a valorização da diversidade cultural, conhecimento tradicional e a segurança alimentar e nutricional; a integração socioprodutiva no território gastronômico andino–amazônico (Brasil, Peru e Bolívia).

Cultura alimentar na Amazônia

A cultura alimentar da Amazônia, em especial do Acre, é parte da identidade do povo e apresenta a riqueza de ingredientes que a floresta oferece.

Originada das antigas populações indígenas com influência dos nordestinos, mas também de libaneses, bolivianos e portugueses, a cozinha acreana apresenta iguarias elaboradas à base de peixes, raízes, sementes, folhas e frutos.

É dos seus rios e florestas que brotam os componentes de sabor único. Nos restaurantes, lanchonetes e mercados, os cardápios oferecem uma diversidade de iguarias, tanto no almoço e jantar como no café da manhã. São pratos que satisfazem o paladar do acreano e de turistas. Sabores que remetem à ancestralidade regional e que comungam à mesa farta, revitalizando receitas passadas de geração em geração.

Com a descoberta dos condimentos da Amazônia pelos grandes chefs brasileiros e de outros países, essa cozinha tem sido reconhecida em vários territórios gastronômicos.

Com tamanha diversidade, a relevância desses conhecimentos culinários torna necessária a criação de uma política para investir e promover a gastronomia local como cultura alimentar e de hospitalidade.

No Acre, o governo do Estado iniciou em 2012 um programa de formação para fomentar o setor. Várias atividades foram realizadas nos últimos oito anos, como os festivais de gastronomia de mercado, cursos, seminários, oficinas, concursos gastronômicos e intercâmbios por territórios gastronômicos, como Peru e Bolívia, com chefs de renome nacional e internacional, além de outras iniciativas.

Investir em gastronomia significa incrementar a pesquisa, o desenvolvimento social e ambiental, além de diminuir o distanciamento cultural entre os países.

“O fomento ao setor contribuirá para preservar o rico patrimônio material e imaterial, além de consolidar o mercado e gerar renda”, ressalta Marlúcia Cândida.

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