Heróis também vestem preto

Por Elenilson Oliveira

A vida profissional apresenta grandes obstáculos e desafios a serem vencidos. Seja qual for a carreira escolhida e quais sejam os critérios estabelecidos para tal escolha, é necessário saber que a construção é contínua e que nem sempre os dias serão bons.

Um exemplo disso é a rotina do agente penitenciário, servidor público que tem a missão de contribuir com a segurança da sociedade civil. É ele que realiza a vigilância e a custódia de presos do sistema penitenciário, durante o período de execução da pena imposta a esses indivíduos, por meio dos devidos instrumentos legais.

Exige-se desses profissionais um perfil rígido e adequado para o desempenho de suas funções. A carga diária é pesada, o desgaste emocional é constante, mas o compromisso com a população é bem maior. Servir com qualidade demanda esforço, garra e superação.

Superação é, inclusive, uma das palavras mais importantes logo nas primeiras horas do dia de um agente penitenciário. Muralhas separam cidadãos de bem de pessoas em conflito com a lei. E são essas muralhas que devem ser transpassadas, diariamente, por este grupo seleto de guerreiros.

Heróis usam capa, mas, no caso desses, usam farda. Uma farda preta que transforma homens e mulheres comuns em verdadeiros guerreiros no cumprimento da lei penal.

O Manual do Agente Penitenciário elenca 15 atitudes e condutas necessárias a esses profissionais. Dentre elas estão: honestidade, lealdade, disciplina, responsabilidade, equilíbrio emocional e perseverança. É necessário “ser parte exemplar da instituição a que pertença” e possuir uma “conduta inatacável”, estabelece o instrumento.

Ao entrar em um presídio, agentes penitenciários se isolam do mundo externo e enfrentam um ambiente pesado e instável. Toda atenção é empregada, pois qualquer alteração possível deve ser controlada antes que maiores danos sejam causados.

Longe de casa, durante um período de 24 horas, muralhas emocionais também precisam ser vencidas. A pressão psicológica é grande diante da responsabilidade exercida. O histórico de violência das pessoas com quem esse profissional tem que lidar assustaria até o mais bravo guerreiro.

Durante a noite, enquanto a população dorme, os cuidados no presídio são redobrados e as rondas nos pavilhões são constantes. Qualquer barulho no meio do silêncio é indicativo para quebrar a paz, que a todo momento está por um fio.

O trabalho desses heróis não se resume apenas em bater cadeado, mas, com a chave desse mesmo cadeado na mão, eles são os responsáveis pelo controle do ambiente. Parafraseando um autor desconhecido: em seu colete desbotado, está escrito AGENTE.

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