PMs aceitam proposta do Governo e ganham aumento de 7%

"O sucesso desta negociação é devido à coerência da AME e ao empenho do Governo do Estado que deixou sempre aberto o canal de negociação", diz comandante Romário Célio

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Coronel Romário Célio destaca elevado nivel de diálogo do governo e da categoria. (Foto sérgio Vale/ Secom)

Os policiais militares do Acre aceitaram nesta sexta-feira, 25, a proposta do Governo do Estado de reajuste de 7% sobre os salários com revisão também no auxílio-alimentação, que passa de R$ 230,80 para R$ 352,00 ao mês. O salário de um soldado em início de carreira é de R$ 1.690.

Os oficiais também foram beneficiados com a negociação entre o Governo e a Associação dos Policiais Militares do Acre (AME). O diálogo continua próximos dias para o entendimento sobre medidas de estruturação da carreira da PM. Os militares lutam por isonomia com a Polícia Civil.

Natalício Braga, da Associação dos Militares do Acre, diz que a categoria está madura e que tem o compromisso com a segurança pública. "Vamos continuar o diálogo com o governo, que sempre esteve aberto às conversações". 

O comandante-geral da corporação, Romário Célio,  afirma que a manutenção do diálogo foi fundamental para o sucesso do acordo. Confira a entrevista: 

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Como o senhor avalia esta conquista salarial dos policiais militares?

Eu vejo com muita alegria, primeiramente parabenizando a Associação dos Policiais Militares do Acre, a AME, pela coerência em reconhecer o esforço do Governo do Estado em conceder este aumento e saber que se não foi aquilo que se esperava, foi aquilo que era possível. O Governo nas diversas falas sempre colocou isso, reconhecendo a importância do trabalho dos policiais militares, reconhecendo que mereciam aumento mais substancial, mas isso não foi possível e que os 7% já representa um esforço muito grande. Também reconhecendo o lado do Governo porque conceder aumento não é uma coisa muito fácil. Quem tem um funcionário em casa fica preocupado quando aumenta o salário mínimo. Imagina quem tem 40 mil.

O que foi fundamental para a finalização deste processo de forma positiva?

A abertura desse canal de comunicação que nunca foi fechado. Acredito que isto tenha sido fundamental para o sucesso desta negociação. O Governo nunca se furtou de receber a comissão. E também pela responsabilidade que nós temos, porque nós não brincamos de fazer segurança pública. Nós sabemos que nosso trabalho é importante. Sabíamos que aqui no Acre não haveria espaço para movimentos de greve ou paralisações. A AME quando se reunia comigo sempre descartava essa hipótese. Essa responsabilidade é compartilhada não só no comando mas por todos que integram a corporação.

Apesar do aumento nos salários e revisão do auxílio-alimentação faltam ser fechados alguns outros pontos. O diálogo continua aberto?

O canal vai continuar aberto. Daqui pra frente vamos buscar alternativas tanto a AME quanto o Governo para verificar o que pode ser feito de melhorias para a corporação. E melhorias significam também melhoria salarial.

Como preparar o policial militar para evitar incidentes como os que vêm sendo registrados em outros Estados brasileiros e que abalam a imagem da corporação?

Nós lamentamos esses episódios que estão ocorrendo em outros Estados brasileiros. O que colocamos para no nosso policial é que o momento da ação é crucial, quando ele tem apenas fração de segundos para decidir. No intuito de dar mais qualidade ao trabalho vamos lançar nos próximos dias uma caderneta operacional que contém a padronização dos procedimentos. Este não é um produto acabado nem nunca vai ser. É um material que estará sempre sendo revisado porque um policial nunca atende a duas ocorrências iguais, porque cada pessoa é diferente, mas agora haverá um padrão. Nos envolvemos em situações simples até as mais complexas. O importante é saber dosar.

Haverá uma cobrança maior da sociedade sobre o policial após o aumento?

Não. Nós já somos muito cobrados. O policial não vive de qualquer maneira. Se entra em um restaurante ou outro estabelecimento não entra como uma pessoa comum. Ele sempre estará vivendo o que chamamos de “Síndrome da Expectativa”, por isso é um funcionário diferenciado. O policial se cobra muito. Ele é cobrado pela família, os amigos, a sociedade em geral. O problema é que a demanda de segurança pública não diminui, está sempre aumentando. E por isso as exigências são cada vez maiores. Sensível a isso o Governo já ventilou, acredito que no próximo mês, porque há necessidade de alguns pequenos ajustes na legislação, estaremos lançando edital para concurso para 600 novos policiais.  

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