Política de proteção aos índios isolados é tema de programa de TV

O programa abordou a política indigenista no Brasil (Foto: Divulgação Rede Globo)
Programa abordou a política indigenista no Brasil (Foto: Divulgação Rede Globo)

O território acreano é composto por 15 etnias indígenas e outras três não contactadas: os índios isolados, que foram pauta do programa “Encontro com Fátima Bernardes”, exibido pela Rede Globo, nesta terça-feira, 6.

Durante o programa, o sertanista José Carlos Meirelles falou sobre a política brasileira de proteção aos índios isolados com ênfase nas experiências vivenciadas. Atualmente, Meirelles ocupa um cargo na Assessoria de Assuntos Indígenas do Estado.

Fátima Bernardes iniciou a conversa mostrando imagens dos isolados, que habitam na fronteira do Acre com o Peru. O primeiro registro dessa tribo foi realizado em 2008, pelo repórter fotógrafo acreano Gleilson Miranda, durante sobrevoo organizado pelo governo do Estado.

“A gente [o governo] já sabia da existência desses povos muito antes de as fotos serem divulgadas, inclusive já havíamos demarcado o território. Mas havia um questionamento [por parte da sociedade] se esses índios existiam mesmo. Foi quando decidimos realizar um sobrevoo e registrar e divulgar as imagens”, explicou Meirelles.

Segundo o sertanista, o governo peruano não acreditava na predominância desses povos, por isso a importância das imagens, tendo em vista que a política de proteção deve ser integrada entres os países.

Índios isolados, que residem na fronteira entre Acre e Peru (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Índios isolados, que residem na fronteira entre Acre e Peru (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Meirelles destacou os problemas envolvendo questões fundiárias, em decorrência da existência de madeireiros e narcotraficantes nas áreas habitadas pelos índios.

Em 2014, ele liderou o contato com o povo isolado Sapanawa, na Base de Proteção Etnoambiental do Rio Envira, localizada em Feijó (AC) – coordenada pela Fundação Nacional do Índio.

“Segundo o que os Sapanawas contaram, eles foram atacados por narcotraficantes, que mataram dois terços da população, por isso procuraram ajuda”, ressaltou Meirelles, ao explicar como se deu o primeiro contato.

Governo do Acre

José Meirelles frisou que no Acre o governo do Estado tem atuado de maneira que não existem invasores em seu território. “Não é propaganda, mas o governo do Acre tem uma aproximação diferente com os índios. Qualquer índio que chega a Rio Branco tem acesso ao governador”, observou.

Os índios do Acre estão inseridos no aparelho do governo por meio da Assessoria de Assuntos Indígenas, diretamente ligada ao gabinete do governador Tião Viana. A instituição dialoga com as etnias, identifica demandas e auxilia no processo de construção dos planos de gestão das Terras Indígenas (TI).

As 34 Terras Indígenas, habitadas por 15 etnias distintas que compõem o território acreano, foram beneficiadas com recursos que já somam mais de R$ 50 milhões. Em boa parte das aldeias, a própria comunidade aponta seus potenciais de produção e suas necessidades.

O dono da foto

As fotos de Gleilson percorreram o mundo (Foto: Diego Gurgel/Secom)
As fotos de Gleilson percorreram o mundo (Foto: Diego Gurgel/Secom)

A primeira foto dos isolados, que percorreu o mundo, foi do repórter fotográfico acreano Gleilson Miranda, que trabalha Secretaria de Comunicação do Acre. Convidado para o sobrevoo, em 2008, ele contou um pouco de como foi participar desse momento eternizado em suas imagens.

“Foi uma experiência única, a de constatar que ainda existiam povos que viviam isolados na floresta. No momento que você está fotografando, você quer registrar. Depois, quando confere o material, é que a ficha cai: aqueles povos são reais”, contou Miranda.

O trabalho foi repetido em 2009 e 2010. As primeiras imagens ganharam o mundo e foram expostas em Brasília e na Austrália. O último material lhe rendeu o prêmio de jornalismo acreano Chalub Leite.

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