“Lutamos pela vida, e isso ultrapassa as fronteiras do Acre”, diz Binho Marques

Governador do Acre avalia importância do Estado no desenvolvimento e na preservação da Amazônia

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Governadores se reúnem no Pará: Binho Marques avalia avanços do Acre no contexto amazônico

Escute a entrevista com o Governador Binho

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O governador Binho Marques esteve presente à cerimônia que fez parte da programação do 1º Fórum de Governadores da Amazônia Legal, realizado nesta sexta-feira, 30, em Belém do Pará, e fez observações sobre os avanços obtidos pelo Acre a partir do Zoneamento-Ecológico e Econômico e acerca da participação do Estado no desenvolvimento da Amazônia. A presença  no conselho da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) indica, por exemplo, que os governadores podem ser ainda mais protagonistas nos destinos de seus Estados.  Veja o que disse o governador.

 

 

 

{xtypo_rounded2}Sistema Público de Comunicação Como é a participação do Acre no fórum de governadores da Amazônia?

Governador Binho – Tivemos aqui em Belém a reunião dos governadores da Amazônia Legal com o presidente Lula, que foi a instalação do conselho de decisão da Sudam. Isso significa para o Acre e para todos os Estados da Amazônia a possibilidade de a gente consolidar um modelo de desenvolvimento pelo qual tanto lutamos: que possa conciliar as ações de conservação da floresta, nossas riquezas com inclusão social e a melhoria de vida do nosso povo, mas com justiça social.

Esse conselho é importante porque os governadores da Amazônia passam a ter uma ação mais protagonista nos destinos de seus Estados.

Mas tivemos também nesse encontro algo extremamente importante para o Acre, que foi a assinatura do decreto pelo presidente Lula do zoneamento ecológico-econômico do Acre. Esse trabalho, que foi desenvolvido pelo governador Jorge Viana, aconteceu coroado de êxitos: é um zoneamento que é referência para o Brasil inteiro. Ele inclui dados sócio-econômicos que os estudos anteriores não permitiam esse tipo de cruzamento de informações entre ambiente, economia e necessidades sócio-ambientais.

O presidente Lula não só sancionou o decreto, como tornou o zoneamento do Acre uma referência para o Brasil. Ele fez o decreto reconhecendo a indicação do Conama [Conselho Nacional de Meio Ambiente], que julgou que o zoneamento do Acre tem de ser uma referência para o Brasil. Para nós, é motivo de orgulho esse fato, fruto do nosso trabalho de mais de dez anos que se vê agora consolidado. Mas é também importante para que, a partir de agora, possamos consolidar o modelo de desenvolvimento do Acre.

Agora reconhecido por decreto presidencial, o  que o ZEE possibilita?

Com o zoneamento nós vamos regularizar o passivo ambiental, vamos trazer para a legalidade muitas propriedades que hoje têm dificuldade de acesso ao crédito, de fazer um plano de manejo. Com isso, entramos bem neste ano com boas notícias, com bons programas sendo financiados pelas agências de fomento e que agora, com o zoneamento ecológico-econômico do Acre, assume um patamar superior: é o segundo Estado da Amazônia com seu zoneamento – o primeiro foi Rondônia, que, em função dos riscos ambientais que aquele Estado enfrentou, foi obrigado a fazer o zoneamento, e o Acre é que espontaneamente construiu um novo modelo de zoneamento, que não é uma imposição para os proprietários, mas um grande acordo entre todos aqueles que produzem na Amazônia, em seus diversos modelos. Esse acordo é para que nós possamos ter um ambiente mais saudável para as futuras gerações.

Qual a participação do Acre dentro do conselho da Sudam?

O Acre tem papel importante no conselho porque tem uma história. Muitos Estados estão agora preocupados com o meio ambiente, com o equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente, em função de pressões externas. O Acre não. O Acre tem uma história de lutas. Antes de chegarmos ao governo, antes de 1999, eu, Jorge Viana, Marina Silva, Tião Viana, o Sibá Machado, todos nós estávamos envolvidos numa luta para que a Amazônia tivesse um desenvolvimento adequado para seu ambiente e seu povo. Com essa história, o Acre acumula sabedoria, acumula inteligência no manejo dos recursos naturais, e todos os Estados se baseiam e têm o Acre como referência.

Então, o Acre no conselho da Sudam tem esse papel, de equilíbrio, de aconselhamento. O Acre pode mostrar caminhos que outros Estados estão apenas iniciando. Nós estamos numa situação muito mais consolidada. Estamos no terceiro governo de um mesmo projeto e temos uma trajetória que foi construída antes mesmo do governo em organizações não-governamentais, sindicatos, com Chico Mendes no Conselho Nacional de Seringueiros. Acumulamos muita experiência e muito conhecimento, o que irá elevar o Acre a um patamar de crescimento muito mais justo.

É isso que queremos para toda a Amazônia. O Acre não vai ter sucesso se os outros Estados da Amazônia também não tiverem sucesso nesse aspecto. E a participação do Acre no conselho da Sudam tem muito desse caráter.

O ZEE do Acre facilita a preservação ambiental?

O que nós estamos fazendo no Acre queremos para a Amazônia. Podemos acreditar que o Brasil está no rumo certo. Nós não trabalhamos como uma ilha nem é possível ter prosperidade e justiça social de maneira isolada. É muito importante que os outros governadores também estejam alinhados no mesmo propósito.

Percebi no encontro de governadores o papel que o Acre desempenha nesse processo. Eu participei de movimentos  antes de entrar no governo, e nós sozinhos tínhamos de preservar a floresta, realizar empates. Hoje existe uma situação muito nova. A Amazônia e o meio ambiente são temas que estão no centro das discussões nacionais e do mundo. Antes não era assim.

Tivemos a instalação de um fórum de governadores. Ele demonstra a importância que a Amazônia tem e a importância que o meio ambiente tem na vida de todo o planeta. E todos reconhecem que, antes dessa situação de a Amazônia estar no foco dos debates, o Acre já discutia e já realizava ações inovadoras, ações avançadas.

E isso tudo faz com que o Acre esteja alguns passos à frente dos outros Estados. Fico feliz porque estamos vencendo a batalha que é uma luta pela vida. Nós lutamos pela vida, nós lutamos pela justiça social, isso agora ultrapassa as fronteiras do Acre e me alegra porque outras pessoas podem viver melhor com Estados mais justos, mais democráticos e mais preocupados com o meio ambiente.

 

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