Lições de sustentabilidade

 Os Yawanawás são uma prova de que é possível viver em harmonia com a floresta, sem poluir, sem degradar e extraindo dela suas riquezas naturais como fonte de renda. Dos mais de 200 mil hectares que fazem parte do Território Indígena do Rio Gregório menos de 20 mil são ocupados e este ano a comunidade está investindo pesado em novos meios de geração de lucros.

DSC_0360.JPG

Delô Martins está na aldeia para capacitar os indígenas a trabalhar industrialmente com a madeira, aliando as técnicas tradicionais. (Foto Sergio Vale / Secom)

 

Nos últimos 16 anos a fonte de renda principal dos Yawanawás foi uma parceria com a Aveda Corporation, uma empresa norte-americana de cosméticos para a produção de corante natural a base de urucum. Com a troca da diretoria da cooperativa indígena o contrato entrou em declínio e a comunidade investiu as energias disponíveis em novos programas de sustentabilidade.

Um dos projetos sustentáveis desenvolvidos pelos Yawanawás é o de aproveitamento de madeiras mortas – derrubadas para roçados, caídas na floresta ou nos rios. Através da articulação do gabinete do senador Tião Viana com a Fundação Banco do Brasil a comunidade conseguiu, a fundo perdido, um recurso de R$ 275 mil para aquisição de máquinas para marcenaria, um caminhão e um barco para o transporte dos produtos. A idéia é produzir móveis rústicos, muitas vezes com o aproveitamento da arquitetura natural da madeira. A comercialização destes produtos está mantendo o povo Yawa hoje.

O designer Delô Martins, que está na aldeia para capacitar a mão-de-obra indígena, destaca que as matas do território do rio Gregório têm madeira derrubada para trabalhar por mais de vinte anos sem a necessidade de derrubar uma árvore. A técnica do homem branco é aliada ao conhecimento tradicional indígena para resultar em esculturas, utensílios e móveis em madeira de alta qualidade e com excelente acabamento.

Outro projeto é a reabertura da usina de andiroba, uma grande fonte de renda do passado que será reativada. “Não estamos reabrindo a usina apenas porque ela está fechada, mas porque temos mais de 15 mil pés de andiroba plantados e uma alta capacidade de produção de óleo para exportação”, disse o cacique.

 

DSC_0173.JPG

A caça e a pesca de subsistência ainda é praticada pelos Yawanawás, que seguem todo um ritual para as atividades. (Foto Sergio Vale / Secom)

 

A caça, a pesca e a agricultura de subsistência ainda são fortes na aldeia. Este ano, por conta da possibilidade de não continuar a parceria com a Aveda foi feito o maior plantio agrícola da história dos yawa. Este serão produzidas, se a colheita for boa, 8 toneladas de arroz. A aldeia consome, no máximo de 2 a 3 toneladas. O plantio de mandioca foi planejado para colher 80 toneladas. Também foi plantada muita cana de açúcar, o que vai render de 5 a 8 toneladas da cultura.

Casas de farinha industrial vai produzir produto certificado

Uma parceria entre o gabinete do senador Tião Viana e a Secretaria Estadual de Produção Familiar (Seaprof) garantiu a construção de casas de farinha na terra dos yawanawás. A idéia é certificar a farinha como produto orgânico.

Para o melhor aproveitamento da cultura da cana a comunidade vai receber um engenho de cana de açúcar, através de uma parceria com Assessoria Especial para os Povos Indígenas do Acre. Outro benefício é a peladeira de arroz que será entregue aos Yawanawás. “Tudo será instalado na aldeia. a intenção é manter nosso povo aqui e aproveitar da melhor forma todas as fontes de renda”, disse o cacique.

Veja mais…

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter